Ódio "patológico e irracional" nos Comandos? Exército recusa comentar
Exército admite, porém, que é necessária uma "componente teatral" que simule um "perigo aparente" nos Cursos de Comandos.
© Reuters
País Militares
O porta-voz do Exército defendeu esta quinta-feira a metodologia utilizada nos cursos dos Comandos, argumentando que é necessário simular situações de stress reais em treino.
“É natural que num curso haja uma componente teatral, uma componente de cenário que é montado para fazer com que, não estando em situação real, temos de fazer crer”, disse o tenente Coronel Vicente Pereira em entrevista à SIC Notícias.
Questionado sobre se os sete militares detidos ontem, a propósito da morte de Hugo Abreu e Dylan da Silva, teriam agido "movidos por ódio patológico e irracional”, tal como descreve o Ministério Público num despacho sobre o processo a que a o semanário Expresso teve acesso, o porta-voz do Exército recusou abordar o assunto.
“Não cabe ao Exército comentar as decisões de uma entidade como o Ministério Público”, declarou, acrescentando que “nas fichas do curso, ‘ódio’ nunca é uma palavra referida”.
“O perigo aparente é uma situação controlada, ódio nunca é utilizado no Exército”, reforçou.
Recorde-se que a Procuradoria-Geral da República confirmou esta quinta-feira a detenção de sete responsáveis pelo 127.º curso de Comandos, mais propriamente o “diretor da prova, o médico e cinco instrutores”.
Os militares em causa “são suspeitos da prática de crimes de abuso de autoridade por ofensa à integridade física” e as investigações prosseguem para se perceber se se estarão também em causa “crimes de omissão de auxílio”.
Segundo vários relatos recolhidos pela RTP, Hugo Abreu, o jovem que se sentiu mal durante um curso dos Comandos não terá sido assistido de imediato. Foi o primeiro de dois militares a morrer após o treino num dia de calor intenso, 4 de setembro, na região de Alcochete.
Fontes anónimas ligadas ao curso disseram que o jovem foi forçado a comer terra quando já estava no chão a sofrer convulsões e quase inconsciente, e que não lhe foi dada água porque os militares em treino só podem beber com ordem de um instrutor.
Segundo o Público, o manual do curso mandará deixar os instruendos sem água durante várias horas, sendo que os exames pedidos após as autópsias apontam para desidratação extrema.
Quando Hugo Abreu e Dylan da Silva receberam água pela primeira vez já teriam lesões neurológicas graves e irreversíveis, disse fonte judicial ao mesmo jornal.
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