Meteorologia

  • 23 ABRIL 2024
Tempo
23º
MIN 13º MÁX 24º

"É possível poupar na Saúde mas há limites"

O administrador do Instituto Português de Oncologia de Lisboa considera que a saúde demonstrou que "é possível fazer mais gastando menos", mas defende que há limites para que esta redução de custos não tenha impacto na qualidade dos serviços.

"É possível poupar na Saúde mas há limites"
Notícias ao Minuto

10:22 - 28/04/13 por Lusa

País IPO

À frente da administração do Instituto Português de Oncologia de Lisboa Dr. Francisco Gentil (IPOLFG) desde Março de 2012, Francisco Ramos classifica de "importante" e "estimulante" o desafio, o qual "é provavelmente prejudicado por esta conjuntura de crise".

Conhecedor da área da Saúde, foi várias vezes secretário de Estado, Francisco Ramos encontrou no IPOLFG uma cultura "especial" que, assegura, "resistiu muito bem a todas as adversidades".

O IPOLFG "manteve os seus níveis de produção, em todos os tipos de actividades, e foi capaz de responder aos desafios de controlar os custos com uma redução de despesa muito importante", disse em entrevista à agência Lusa.

Francisco Ramos apoia-se nos números: em 2012, em resultado das medidas tomadas pelo Governo e que afectaram o sector, como o transporte de doentes e a aquisição de medicamentos, ocorreram poupanças na ordem dos 1,5 milhões de euros.

As medidas tomadas pelo IPOLFG com vista à redução da despesa traduziram-se numa poupança de 8,5 milhões de euros, a que se somam mais dois milhões de euros com a diminuição de custos com pessoal.

Uma dessas medidas foi a reactivação do serviço de radioterapia, que no início de 2012 era praticamente todo adquirido no exterior.

"Foi possível fazer um processo de reinvestimento, voltar a dotar o serviço de capacidade de produção e com isso poupar quase quatro milhões de euros em 2012 (em relação a 2011)", disse, acrescentando que este ano a poupança deverá atingir os sete milhões de euros, em comparação com 2011.

Contas feitas, os custos deste IPO diminuíram 11.232.385,11 euros em 2012, face ao ano anterior, o que representa uma redução de cerca de 10 por cento da sua despesa.

A este esforço junta-se uma diminuição de 1,5 a dois por cento do financiamento deste instituto que, no ano passado, gastou 110 milhões de euros, tratou 58.644 doentes e realizou 225.959 consultas médicas, entre milhares de outros serviços.

Questionado sobre a possibilidade de mais reduções na despesa, Francisco Ramos é peremptório a afirmar que sim, mas deixa um alerta: "Este movimento não é ilimitado. Os serviços de saúde estão há vários anos a ser solicitados a contrair e a reduzir despesas".

"Há alguma preocupação da minha parte sobre até quando a orientação vai ser esta. Há limites para que esta redução de custos não tenha impacto nos níveis de acesso das pessoas e na qualidade dos serviços prestados", adiantou.

No IPO, o espaço para reduzir despesas limita-se a alguns gastos com medicamentos e na aquisição de serviços adquiridos ao exterior.

Este é, contudo, "o limite de redução de custos", sublinhou, alertando para a necessidade deste IPO reforçar equipas e não de reduzir pessoas com que trabalha.

As preocupações de Francisco Ramos acentuam-se para o próximo ano: "Não é possível manter este ritmo [de redução da despesa] para 2014. Aí julgo que é completamente impossível manter o mesmo nível de serviços. É impossível de acontecer".

Adiado para pelo menos uma década fica o investimento num novo IPO em Lisboa, apostando esta administração na melhoria das atuais instalações, o que "não é fácil" numa unidade de saúde com as portas abertas.

"Esperemos que no final dessa década o país esteja já em condições económicas de ser possível pensar na edificação de novas instalações de um hospital especializado em oncologia", disse.

Recomendados para si

;
Campo obrigatório