Apesar de ter sido notificado da audiência, o casal que geria o bar situado em Travassô, junto à Estrada Nacional n.º 1, não compareceu no Tribunal, nem justificou a ausência.
No entanto, o coletivo de juízes decidiu iniciar o julgamento sem a presença dos arguidos que estão acusados de um crime de lenocínio e outro de auxílio à imigração ilegal, em coautoria. O elemento masculino do casal responde ainda por um crime de detenção de arma proibida.
A primeira sessão do julgamento ficou marcada pelas declarações de um terceiro arguido, que disse ter trabalhado "esporadicamente" no bar como empregado de balcão.
O homem, que está acusado de um crime de lenocínio em cumplicidade, confirmou que o edifício tinha vários quartos no primeiro andar, onde as mulheres se prostituíam.
"Estavam lá umas meninas. Não ia atrás delas para saber o que faziam, mas provavelmente era sexo", disse.
Inicialmente, o arguido contou que só servia bebidas ao balcão, mas acabou por admitir que ajudava a controlar quantas vezes as mulheres saiam com os clientes.
"Tínhamos um cartão e a gente apontava uma cruzinha cada vez que elas iam ao quarto. Pensei que não sendo o dono não era crime", referiu o arguido.
Na mesma sessão foram ainda ouvidos vários clientes e mulheres que trabalharam no bar e que confirmaram a realização de práticas sexuais nos quartos a troco de dinheiro.
Elas contaram que recebiam metade do valor das bebidas, cobravam cerca de 30 a 40 euros por cada ato sexual e tinham que dar à casa 25 euros por noite. "Era como alugar um quarto", disse uma das mulheres.
Segundo o Ministério Público, os factos ocorreram entre 2012 e 2015.
O estabelecimento tinha diversas mulheres portuguesas, brasileiras, romenas e colombianas, a trabalhar que se dedicavam à prática de alterne e de prostituição no piso superior do edifício.