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Desconhecimento da Bíblia e Alcorão leva ao "mais terrível" fanatismo

O padre Joaquim Carreira das Neves afirma que o desconhecimento da Bíblia e do Alcorão "torna-se fanatismo religioso e político", advertindo em seguida que "não há nada mais terrível" do que esse fanatismo.

Desconhecimento da Bíblia e Alcorão leva ao  "mais terrível" fanatismo
Notícias ao Minuto

15:43 - 25/10/16 por Lusa

País Carreira

"O 'literalismo' bíblico e corânico torna-se fanatismo religioso e político. E não há nada mais terrível que o fanatismo religioso", escreve Carreira das Neves.

O sacerdote católico, biblista, de 82 anos, faz estas declarações na obra "Ler a Bíblia no século XXI", que é apresentada em formato de pergunta/resposta, procurando "responder a algumas questões sobre a Bíblia" que lhe têm sido colocadas "ao longo do tempo".

Atesta o investigador que "O Ocidente é fruto da Bíblia", que é a "fonte das três grandes religiões monoteístas: Judaísmo, Cristianismo e Islamismo".

O biblista é perentório: "É preciso afirmar que o Deus da Bíblia, como o Deus do Alcorão, no céu, não fala nem hebraico, nem aramaico, grego ou árabe. Deus não usa nenhuma das gramáticas humanas, nem nunca falou, desta maneira, a humanos, sejam eles Moisés, profetas ou Jesus".

"Trata-se de 'modos humanos' emprestarem a Deus as suas gramáticas. Trata-se de teomorfismos. Infalível é a mensagem, embora sempre sujeita à mudança, e não ao literalismo", atesta.

Para o sacerdote, "a fé monoteísta judaico-cristã não é uma ciência, mas uma esperança".

Sobre a Bíblia, Carreia das Neves afirma que "não aparece porque Deus 'resolveu' ditá-la a alguém, mas porque a fé do monoteísmo a foi construindo por inspiração divina. Primeiro oralmente, como todas as histórias primitivas, consoante as vivências e a geografia dos povos", e "só há três mil anos se começaram a fixar em texto essas histórias".

O presbítero realça que "primeiro vem a fé monoteísta, com Abraão, e só muito mais tarde essa fé verte palavra escrita para que o povo não esqueça que há um Deus".

Joaquim Carreira das Neves, a viver no Seminário Franciscano, na Luz, em Lisboa, dá conta da sua "falta de visão e debilidade nos movimentos", mas continua a receber pessoas que o querem escutar e o convidam para ir às suas casas falar da Bíblia, pois é biblista, e explica: "Significa que devo conhecer o que há a conhecer sobre a Bíblia judaica [Antigo Testamento] e a Bíblia Cristã [Novo Testamento]".

"Sou biblista desde que fui ordenado sacerdote (...), os meus superiores franciscanos decidiram por mim: vais estudar para Roma e para Israel, e depois vais ser professor de Ciências bíblicas", que significa que teve de conhecer o hebraico, aramaico, grego bíblico, culturas do Próximo e Médio Oriente, "exegese bíblica [e] teologia bíblica".

Esta obra, afirma-o Carreia das Neves, tenta responder "a algumas das questões sober a Bíblia" que lhe têm sido colocadas ao longo do tempo.

A obra, de 256 páginas, é publicada pela Editorial Presença, e a primeira questão à qual responde é sobre o número de livros bíblicos, considerando as diferenças entre católicos, protestantes, judeus e a Septuaginta ou a Bíblia Grega.

Explica o biblista que hebreus e protestantes só aceitam os livros escritos em hebraico, os católicos, por seu turno, aceitam alguns livros escritos em grego, de acordo com o cânone da tradução do grego.

Sobre a Septuaginta, escrita entre os séculos I e o VII depois de Cristo, recorda que contém todos os 27 livros do Novo Testamento, iguais em todas as Bíblias atuais. No Antigo Testamento, tem todos os 46 livros da Bíblia católica, mais sete livros, o terceiro e o quarto Livros dos Macabeus, os "Salmos de Salomão", Odes, o "Livro de Susana", a história de "Bel e o Dragão", e a "Epístola de Jeremias".

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