O programa EPIS de combate precoce ao abandono e insucesso escolares, que identifica e acompanha, dentro e fora da escola, alunos com dificuldades de aprendizagem, vai alargar-se a estabelecimentos do 1º ano de Constância, no distrito de Santarém, Oliveira do Bairro (Aveiro), Serpa (Beja) e Vila Nova de Poiares (Coimbra).
Desenvolvido em parceria com o Ministério da Educação (ME) e autarquias, o programa de intervenção precoce EPIS (Empresários pela Inclusão Social) foi iniciado há três anos em escolas do 1º ciclo de Pampilhosa da Serra e Figueira da Foz, no distrito de Coimbra, e de Pombal (Leiria).
Com o alargamento, o programa passa a abranger um total de 84 turmas de 47 escolas públicas e a incluir mais cerca de 1.300 crianças do 1º ano e um total de 5.200 alunos nos programas de recuperação nos três primeiros ciclos de escolaridade (para além de 6.200 alunos, abrangidos, nos Açores, por um projeto de combate à violência e promoção da cidadania em meio escolar).
O rastreio identifica as crianças que necessitam de uma ajuda precoce e inclui o despiste de problemas e sinalização de riscos ao nível do aluno, da sua família e da envolvente escola e comunidade, explica Diogo Simões Pereira, diretor-geral da EPIS, sublinhando que é feita uma avaliação neuropsicológica (análise cognitiva, verificação do padrão do sono e avaliação de comportamento e autonomia).
A segunda fase recorre a um modelo de potenciação do conhecimento e das competências dos alunos do primeiro ao quarto anos (1º ciclo), desenvolvido pelos docentes e, complementarmente, pelos pais, apoiados por mediadores EPIS, adianta, à agência Lusa, Simões Pereira.
As crianças do 1º ano que "apresentam fator de risco" representam cerca de 15% de todos os alunos do 1º ano das escolas abrangidas pelo projeto, acrescenta o responsável (a taxa de reprovação no 2.º ano, em Portugal, ultrapassa 9%).
"O objetivo é erradicar o insucesso escolar", isto é, fazer com que os alunos apoiados consigam colmatar as suas lacunas e transitem de ano no 1.º ciclo e cumpram com sucesso os 12 anos de escolaridade, sintetiza Simões Pereira, salientando que "há um potencial de progressão muito grande".
Nas escolas abrangidas pelo programa EPIS nenhum aluno ficou retido no 2º ano de escolaridade, salienta o responsável.
Pretende-se resolver, logo no início do percurso, os problemas que podem comprometer o rendimento escolar nos 2.º e 3.º ciclos e que conduzem, muitas vezes, ao abandono, afirma à agência Lusa Rosário Lourenço, professora na escola de Leirosa (Figueira da Foz), envolvida no programa.
"É muito gratificante, tanto para professores como para alunos", assegura a docente, que recebeu formação específica para participar no programa na sua escola, intervencionada desde 2013/14 e onde, então, se perspetivava uma taxa de insucesso da ordem dos 50% e que - salienta - nos dois últimos anos não registou qualquer reprovação.
"Todos os professores deveriam fazer esta formação" e o programa deveria alargar-se a todas as escolas, sustenta Rosário Lourenço, que é professora há 30 anos, sublinhando que o projeto exige muito trabalho e dedicação, mas é compensador.
O sucesso escolar dos alunos do 2.º e 3. º ciclos apoiados pela EPIS aumentou de 71,5%, em 2014/15, para 82,4%, em 2015/16.
O programa de mediadores EPIS para o sucesso escolar no 2.º e 3. º ciclos, que está ser desenvolvido há oito anos, aumentou, segundo a associação, o sucesso escolar de cerca de 22 mil estudantes, cerca de 11%, em média por ano.
A EPIS, que é o "maior parceiro privado do Ministério da Educação e do Governo Regional dos Açores no combate ao insucesso e abandono escolar", prevê investir no ano letivo de 2016/17 cerca de 5,9 milhões de euros nos seus programas.