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Governo esforçou-se para repor rendimentos mas efeito é reduzido

O setor social admite que o atual Governo se tem preocupado em repor os rendimentos das famílias, mas acrescenta que os resultados ainda não são palpáveis e que, sem os apoios sociais, a realidade seria muito pior.

Governo esforçou-se para repor rendimentos mas efeito é reduzido
Notícias ao Minuto

09:00 - 16/10/16 por Lusa

País Setor

Na segunda-feira assinala-se o Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza e, segundo os dados mais atuais do Instituto Nacional de Estatística, relativos a 2014, mais de 2,2 milhões de pessoas vivem em privação material, em Portugal.

Paralelamente, o risco de pobreza está nos 19,5%, depois de feitas todas as transferências sociais, um valor que saltaria para os 47,8%, caso não fossem pagas quaisquer prestações sociais.

Contactado pela agência Lusa, o presidente da União das Misericórdias Portuguesas (UMP), Manuel Lemos, defende que o atual Governo tem tido uma preocupação em repor o rendimento disponível das famílias, admitindo, por isso, que essa política venha a ter impacto na redução da pobreza, já que "a situação, em termos globais, era muito má".

Para já, Manuel Lemos aponta que essa melhoria "ainda não é muito palpável" na vida das famílias, sublinhando que continua a haver uma "procura muito grande" pelos serviços das misericórdias e que a taxa de desemprego se mantém muito elevada.

Aproveitou para destacar que a questão dos pensionistas "é muito grave" e sublinhou que um dos fatores que faz Portugal distinguir-se entre os restantes países da Europa é o facto de "grande número dos pobres ser pensionista".

"Há questões que vão além da solidariedade social, como o acesso à saúde ou à habitação, para as pessoas se sentirem melhor, mais confiantes, com mais esperança, porque tão mau como a falta de rendimentos é a falta de autoestima", defendeu o responsável.

Também o presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS), padre Lino Maia, descreve que o ambiente atual é de "alguma expectativa, mas, na prática, ainda não se nota de facto uma melhoria".

"O desemprego continua muito alto, as famílias estão bastantes endividadas e não tem diminuído o número de pedidos de apoio", salientou o padre Lino Maia.

Referiu que tem diminuído o número de pessoas que recorrem às cantinas sociais, "o que é um bom sinal", ao mesmo tempo que salientou que a situação atual "seria muito mais grave", caso não houvesse apoios sociais, como o Rendimento Social de Inserção ou o Complemento Solidário para Idosos.

Na opinião do responsável, os idosos, as crianças e as pessoas com deficiência são os grupos mais vulneráveis e aqueles que precisam de mais atenção, aproveitando ainda para defender um maior investimento no interior do país, que está "deprimido", "pobre" e "envelhecido".

O presidente da Rede Europeia Anti-Pobreza (EAPN) Portugal, padre Jardim Moreira, acredita que "há uma certa esperança de mudança", mas admite que não tem "a perceção real da mudança concreta das pessoas", lembrando que "continua a haver muita gente com problemas".

"A população mais pobre não sente grandes efeitos. O aumento de alguns euros, nem que seja nas verbas ou nos subsídios, não dá para alterar substancialmente a vida. É positivo, mas não é suficiente", defendeu o padre Jardim Moreira.

Em declarações à Lusa, o professor do Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG), nas áreas da economia pública ou das desigualdades, Carlos Farinha Rodrigues, apontou que o Governo atual "inverteu os aspetos mais negativos", como o desemprego, os cortes nos rendimentos das famílias ou nas prestações sociais.

No entanto, entende que "falta dar o salto" e criar efetivamente uma estratégia de combate à pobreza e à exclusão social, com especial atenção às crianças.

Farinha Rodrigues admitiu que não é uma tarefa fácil, mas lembrou que é preciso "atacar o problema", combatendo a pobreza no seio das famílias e criando uma estratégia com uma visão global, que assente não só nas questões financeiras, mas que passe também pelo sistema de saúde e de educação.

"Que garanta que as crianças têm perspetivas de um desenvolvimento mais integral", defendeu.

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