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UE "mostrou ser irrelevante" na escolha de secretário-geral da ONU
A União Europeia não foi poupada a críticas após a candidatura da comissária búlgara Kristalina Georgieva.
© Global Imagens
País Francisco Louçã
Francisco Louçã comentou a eleição de António Guterres para secretário-geral da ONU, numa semana em que se temeu que a candidatura de última hora da búlgara Kristalina Georgieva pudesse alterar o rumo de vitórias de Guterres nas cinco votações anteriores.
Tal não se confirmou mas Louçã, no programa de comentário ‘Tabu’, que mantém na antena da SIC Notícias, admitiu que “todos tivemos dúvidas por percebermos que a Alemanha estava por trás dessa candidatura e havia a hipótese de existir algum acordo com a Rússia, coisa que não se confirmou”.
Ainda assim, “esse episódio deve merecer muita reflexão no futuro porque releva da divisão da União Europeia, da sua instrumentalização para uma operação diplomática mal preparada”, afirmou.
O antigo líder do Bloco de Esquerda acrescentou ainda que esta situação, curiosamente, acabou por fortalecer a candidatura de António Guterres, que por seu lado mostrou “capacidade de mobilizar apoios suficientes e de convencer as Nações Unidas de que era o melhor candidato”.
Já “a União Europeia mostrou ser irrelevante deste ponto de vista”, além de ser “um fator de confusão e não de uma escolha razoável que estava ao seu alcance”.
O mérito da vitória, precisou, vai por isso maioritariamente para António Guterres mas também para o papel da diplomacia portuguesa.
Louçã, no entanto, alerta para que “não haja demasiadas expectativas porque o que Guterres pode fazer é ser secretário-geral das Nações Unidas, que serão sempre uma organização de Estados e de governos poderosos em que o secretário-geral pode ser ultrapassado”.
Tal aconteceu no passado, lembrou, com a ONU a considerar “a invasão do Iraque ilegal e ela fez-se em qualquer caso”.
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