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Passados três anos, a República voltou e é comemorada nas ruas

Este é o primeiro feriado civil - dos que tinham sido abolidos - da era 'Geringonça'.

Passados três anos, a República voltou e é comemorada nas ruas
Notícias ao Minuto

08:36 - 05/10/16 por Notícias ao Minuto

País Feriado

Já lá vão quatro anos desde que Cavaco Silva, então Presidente da República, içou a bandeira Portugal ao contrário, no dia das comemorações da Implantação da República. Teve o significado que teve e o que cada qual lhe quis atribuir, certo é que foi nesse ano a última vez que o país comemorou o 5 de Outubro com feriado nacional.

Durante a governação de Pedro Passos Coelho, em pleno período de assistência financeira, o feriado de 5 de Outubro acabaria por ser eliminado através da aprovação de um Código do Trabalho, em conjunto com os feriados da Restauração da Independência (1 de Dezembro), e os feriados religiosos de Corpo de Deus (60 dias após a Páscoa) e do Dia de Todos os Santos (1 de Novembro).

Seguiram-se três anos em que, apesar de terem existido comemorações oficiais 'dentro de portas', no salão nobre dos Paços do Concelho (em Lisboa), os portugueses tiveram de cumprir mais um dia de trabalho, como outro qualquer do mês.

Seguro prometeu repor feriados, mas Costa trocou-lhe as voltas

Na liderança do Partido Socialista estava António José Seguro que ia deixando a promessa de trazer o 5 de Outubro de volta: "Quero anunciar ao país que, quando merecer a confiança dos portugueses para governar Portugal, tomarei a decisão de fazer com que o dia 5 de Outubro, dia da República, volte a ser feriado nacional", afirmava, desconhecendo as voltas que a vida iria dar com a disputa de liderança no partido, uma cartada de António Costa.

Em 2014, António José Seguro sai de cena e Costa trilha um caminho que havia de o fazer chegar a primeiro-ministro, no final de 2015. Sem conseguir alcançar os votos necessários para governar sozinho, o PS começa a desenhar uma solução de governo, com acordos com Bloco de Esquerda, Partido Comunista e Verdes.

No seu último 5 de Outubro enquanto Chefe de Estado, Aníbal Cavaco Silva foi novamente notícia, desta vez por faltar às comemorações da Implantação da República. O argumento? Queria preservar-se para falar sobre o impasse resultante das eleições do dia anterior, só depois de ouvir os partidos.

A 26 de novembro de 2015 seria então o primeiro dia de António Costa na pele de primeiro-ministro, com a tomada de posse do XXI Governo Constitucional de Portugal. António Costa havia recebido 'luz verde' de Cavaco Silva que, apesar de algumas dúvidas, indigitou Costa a primeiro-ministro.

A 'Geringonça' - nome pelo qual ficou conhecida a solução de governo, suportada pelos restantes partidos de Esquerda - foi algo inédito na história política do país e, apesar das divergências ideológicas dos vários partidos, foi assinado um acordo político.

Repor os feriados que tinham sido eliminados era das primeiras coisas a fazer. E assim foi. No final de março deste ano, António Costa repôs quatro feriados: o Corpo de Deus, o 5 de Outubro, o 1 de Novembro (Dia de Todos os Santos) e o 1 de Dezembro (dia da Restauração da Independência). Tratou-se, nas palavras do primeiro-ministro, de uma reposição "justa e necessária", que não foi feita por “facilitismo” ou desejo de popularidade. 

República 'sai do salão nobre' e volta a ser celebrada na rua

Depois de, em 2006, Cavaco Silva, ter decidido levar as cerimónias do 5 de Outubro para a 'rua', transferindo os discursos do salão nobre dos Paços do Concelho para a Praça do Município, ao longo dos últimos dez anos o 'modelo' foi sofrendo algumas alterações.

Em 2009, ano de eleições autárquicas, o Presidente da República não esteve presente na Câmara Municipal e organizou uma pequena cerimónia no Jardim da Cascata, no Palácio de Belém. Em 2010 e 2011, os discursos regressaram à Praça do Município, mas em 2012, pela primeira vez desde 1910, a cerimónia decorreu fora da Câmara, tendo sido escolhido o Páteo da Galé. Foi esse o ano em que Cavaco hasteou a bandeira nacional ao contrário. Desde então o país não mais voltaria a gozar do feriado. Até agora. 

O feriado da Implantação da República deste ano é o primeiro feriado civil a ser gozado pelos portugueses, desde a chegada do PS ao Governo. Volta a ser tudo como dantes, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina, vão discursar na rua, frente aos Paços do Concelho, no meio da população que quiser assistir. O filme deste dia ainda está por escrever, mas uma coisa é certa: Marcelo estará na sua praia, na hora do discurso. 

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