'Likes' originam processo na Polícia. Sindicato pede "bom senso"
A Associação Sindical dos Profissionais da Polícia pediu hoje "bom senso" nos recursos humanos da polícia para evitar que um 'like' num comentário de um post de Facebook não dê origem a um processo disciplinar.
© Global Imagens
País Facebook
"É de criticar que um responsável máximo de um serviço leve a peito um like só porque aquela noticia ou post não lhe é favorável. Muitas vezes isso acontece com alguma frequência, há superiores hierárquicos que chamam a pessoa, discutem com ela e ficam por ali, mas há outros que vão mais longe. Não nos parece que isso seja benéfico para o funcionamento dos serviços", disse, em declarações à Lusa, Paulo Rodrigues, presidente da ASPP.
O Jornal de Notícias revela, na edição de hoje, que um oficial e dois agentes da PSP estão a ser alvo de processos disciplinares por terem feito um "like" na rede social Facebook a um comentário negativo a um superior hierárquico. Os agentes apresentaram recurso da decisão, mas o núcleo de deontologia e disciplina da PSP já proferiu acusação e entende que deverão mesmo ser castigados e com uma pena de multa.
Para Paulo Rodrigues, a direção nacional da PSP deverá ter "o melhor bom senso na gestão destas situações".
"Deve penalizar ou chamar à responsabilidade aqueles que ultrapassem os limites com ofensa. Não somos da opinião de que os polícias, e outros cidadãos, podem comentar tudo e ofender as pessoas livremente, mas há que encontrar o equilíbrio", frisou.
Paulo Rodrigues disse conhecer os casos em questão, mas sublinhou que muitas vezes é necessário "alguma sensibilidade para gerir os recursos humanos na polícia, no geral, mas também os serviços em particular", o que "muitas vezes não existe".
"Consideramos que há situações que percebemos que têm de ser tratadas com algum cuidado. Sabemos que os polícias, pelo facto de o serem, não devem fazer comentários e ofensas e devem ter algum cuidado como comentam nas redes sociais", afirmou.
Paulo Rodrigues lembrou ainda que, hoje em dia, todos estão "mais expostos" e que as redes sociais "acabam por dar mais ênfase a determinadas situações" que no passado não se davam.
Em declarações à agência Lusa, Paulo Rodrigues disse não compreender que o facto de um agente colocar um 'like' ou fazer um "pequeno comentário não ofensivo e com educação" possa ser alvo de um processo disciplinar ou de levar uma pessoa a mudar de local de trabalho.
"Tem de haver mais bom senso na gestão destas matérias e consideramos que isto acaba por prejudicar o serviço, a pessoa em concreto, e criar uma situação de desconforto porque parece que há uma tentativa de condicionar a liberdade de opinião e ferir até alguns direitos que foram conquistados há muitos anos não só pelos portugueses em geral, mas também pela polícia", expressou.
A história, revelada hoje no Jornal de Notícias, aconteceu em maio de 2015, quando o jornal Observador partilhou uma notícia sobre o Corpo de Segurança Pessoal (CSP) da PSP no seu perfil de Facebook.
Um leitor que se identificou então como Manuel Carlos escreveu um comentário ao 'post', começando por elogiar o trabalho dos agentes do CSP, mas tecendo igualmente duras críticas à adjunta do comandante do Corpo de Segurança Pessoal.
Foi nesse comentário que os três polícias, um agente, um oficial do Corpo de Intervenção e uma agente do CSP fizeram os 'likes'. Pouco depois, a visada, na altura comissária, fez uma participação contra os três agentes, argumentando que o facto de terem feito 'like' demonstra que concordam "na íntegra" com o conteúdo do comentário.
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