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Mãe só soube que Hugo estava nos Comandos quando ele morreu

Pais não faziam sequer ideia de que o filho tinha ingressado numa carreira militar.

Mãe só soube que Hugo estava nos Comandos quando ele morreu
Notícias ao Minuto

21:31 - 23/09/16 por João Oliveira

País Investigação

Foi num dia tórrido que Hugo Abreu ficou inconsciente durante um treino do curso dos Comandos. O termómetro apontava 42 graus, ele e os outros estavam privados de água e sono e Hugo terá sido obrigado a engolir terra pouco antes de ter perdido a consciência. Tudo aconteceu no campo de treino de Alcochete.

Depois de ter estado internado no hospital, Hugo Abreu viria a falecer a 5 de setembro.

Na investigação do Sexta às Nove, da RTP, os jornalistas não foram autorizados pelo Exército a confrontar o sargento acusado de ter praticado este ato. Contudo, a família do jovem conhecido como ‘A Máquina’ foi abordada pela investigação.

“Nunca disse que ia para os Comandos, para me proteger a mim e ao pai, porque ele sabe que ia sofrer”, conta a mãe Ângela, que diz “não saber o porquê” de terem feito o que fizeram ao filho. Ângela chega até a confessar que nunca soube do ingresso na carreira militar e que apenas teve conhecimento disso aquando da divulgação da morte de Hugo Abreu.

Os pais de Hugo são emigrantes em França. Quem acolheu o jovem durante a formação foi uma tia que tinha casa em Lisboa e que sabia muito pouco do curso em que estava.

“Eram muito poucas as pessoas que sabiam. As pessoas sabiam que ele estava no exército, mas a especialidade dentro do exército muito poucas pessoas sabiam. Quando tentávamos sondar e saber algumas coisas, não nos contava nada do que se passava efetivamente dentro do espaço comando”, descreve.

Esta falta de informação, contudo, deve-se ao pacto de confidencialidade aceite pelos inscritos. Estes juram silêncio ao Exército, que os proíbe de falar sobre os treinos que acabaram por ditar a morte de Hugo. Foi, com o evoluir do teor desses treinos, que a tia do militar se apercebeu que algo estava a mudar, na última conversa que teve com ele.

“Senti-o um pouco nervoso, ansioso, sobretudo na última semana que antecedeu o arranque do curso dos Comandos, o que se calhar poderá, para alguns, ser uma situação normal ou não, para mim já não é normal. Neste momento, já tudo eu ponho em causa”, desabafa a tia de Hugo.

A RTP falou com mais de uma dezena de instruendos do mesmo curso, dos quais apenas um aceitou gravar a conversa para descrever o ambiente dos treinos, confirmando a versão descrita pela mãe do jovem.

“O senhor Sargento Rodrigues, depois de ele cair por terra, pôs-lhe a respirar e a comer terra”.

[Notícia atualizada às 21h48]

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