Uma das principais conclusões do inquérito sobre "O que pensam os diretores e os presidentes de Conselhos Gerais sobre questões pertinentes da escola portuguesa?", a que a Lusa teve hoje acesso, revela que 77,1% desses presidentes inquiridos defendem que a contratação de professores "deve ficar a cargo do Ministério de Educação".
O inquérito revela nos diretores um claro empate técnico entre as possibilidades de a contratação dos professores ficar na alçada da tutela ou na alçada das escolas, disse à agência Lusa Alexandre Henriques, autor do blogue ComRegras e responsável pelo estudo, realizado em julho a 181 diretores de agrupamentos escolares e 131 presidentes de Conselhos Gerais em Portugal.
Há 50,3% dos diretores inquiridos a responderam que a escolha dos professores contratados deve ser feita pelo Ministério da Educação e Ciência e 49,7% dos diretores de agrupamentos a considerar que deve ser a escola a selecionar os docentes.
O presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas ANDAEP), Filinto Lima, considera que deve haver "alguma margem de autonomia para que os diretores das escolas possam escolher alguns dos seus professores", e disse não ter ficado admirado com os seus "colegas" diretores de agrupamentos que optaram por dizer que não à autonomia da contratação dos professores pelas escolas
"Não fiquei muito admirado. Gato escaldado da água fria tem medo, porque nós, Escola, sofremos na pele, com a autonomia. Íamos escolher professores a uma bolsa, mas essa bolsa trouxe mais problemas do que soluções. Os professores passaram a chegar às escolas mais tarde", afirmou Filinto Lima, referindo que com o atual modelo fazia com que por vezes passasse um mês até um professor ser substituído, um facto que só prejudica os estudantes.
O presidente da ANDAEP apela para que seja feito "um debate sério para encontrar um modelo célere, exequível", e que implique que se tenha "autonomia para contratar professores".
O Ministério da Educação e Ciência informou recentemente que pretendia começar a rever a partir do próximo mês de outubro o novo modelo de recrutamento de professores.
As negociações com os sindicatos e os diretores das escolas para a definição do novo diploma deverão começar em outubro, revelou em julho o gabinete do ministro da Educação, Tiago Brandão.
A amostra para o inquérito contém 312 inquéritos preenchidos, 181 (58%) por diretores de agrupamentos e 131 (42%) por presidentes de Conselhos Gerais.
O inquérito, cuja publicação decorrerá na próxima 3ª feira, foi realizado através da plataforma de formulários online Google e é da responsabilidade de Alexandre Henriques, também professor.