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Violência doméstica: "Ela diz que só não me mata porque não tem força"

‘António’, é assim que vamos chamar este homem vítima de violência doméstica que tem “medo” que a ex-mulher descubra que nos contou a sua história.

Violência doméstica: "Ela diz que só não me mata porque não tem força"
Notícias ao Minuto

09:01 - 04/09/16 por Patrícia Martins Carvalho

País Exclusivo

Em declarações exclusivas ao Notícias ao Minuto, ‘António’ disse mais do que uma vez sentir “vergonha” da sua situação.

Ao fim de 37 anos de casamento, este homem que vive no distrito do Porto pediu o divórcio à mãe das suas duas filhas.

“Descobri que ela me tinha traído”, explicou, lembrando que ao longo de quase 40 décadas a mulher “sempre foi conflituosa”.

Divorciados há três anos, este homem e mulher, de 64 e 60 anos, respetivamente, continuam a partilhar a mesma casa. Por nenhum dos dois ter rendimentos que lhes permitam sustentar uma habitação sozinhos, o juiz decretou que continuassem a partilhar o mesmo espaço dia e noite.

“Isto é um inferno”, conta ‘António’ que confessou já ter chegado ao ponto de “cheirar” a sua comida com medo de ser envenenado. Mas isto não é tudo. Este homem confessa ainda que já dormiu com a porta trancada com medo que a ex-mulher lhe fizesse algum mal.

A ex-mulher, recorda, sempre foi desordeira, sempre “gostou de fazer peixaradas” com toda a gente, mas a situação agravou-se desde que ficou desempregada há cerca de quatro anos. Na mesma época, ‘António’ descobriu a traição e decidiu divorciar-se.

Contudo, por não saber o que e como fazer, decidiu recorrer à Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV), seguindo o conselho de uma amiga.

Mas não foi fácil. “Na primeira vez custou-me. Cheguei à porta e voltei para trás, não tive coragem de entrar. Estava nervoso. Tinha vergonha. Tinha os olhos cheios de lágrimas. Um homem também chora”, confessa emocionado.

‘António’ voltou então para casa, mas nada mudou. Os insultos continuaram. “Tu gostas de ser corno”, dizia-lhe ela.

Perante esta situação, ‘António’ ganhou coragem e voltou à APAV. Desta vez entrou e desabafou. Os técnicos ouviram-no e aconselharam-no, ajudando-o com apoio jurídico para que se divorciasse.

O divórcio chegou, mas a separação física não. O casal continua a viver na mesma casa. Cada um cozinha para si. Entra e sai sem dar satisfações, mas os insultos continuam a ser uma constante.

A mulher, confessa ‘António’, chama-o de “cobarde, corno e coisas bem piores” à frente de todos, seja dos vizinhos, das filhas ou da polícia.

“Ela já disse à frente da polícia que só não me mata porque não tem força para mim. Eu já não sei o que fazer, ela faz-me a vida negra.

‘António’ já perdeu conta às vezes que a polícia foi chamada à sua casa. “Já tenho vergonha de a chamar”, diz, mas não é só da polícia que tem vergonha: dos vizinhos e amigos também.

Por essa razão, ‘António’ evita ao máximo o contacto com as pessoas que o conhecem. “Sinto muita vergonha e isolo-me. Já não tenho praticamente amigos”, admite.

A última vez que a polícia foi chamada à casa deste casal foi há cerca de um ano. ‘António’ chegou a casa e a habitação cheirava a tabaco. Abriu uma das portas para circular o ar e começaram os problemas.

“'Não abras. Vou partir-te os cornos’, disse-me ela. Eu não respondi. Acabei de comer a minha sopa e fui para o corredor para me dirigir ao quarto. Foi então que ela pegou num boneco de madeira e tentou agredir-me com ele. Tive que a segurar e tirar-lhe aquilo da mão. Fui então para o meu quarto, mas ela estava fora de si. Começou aos pontapés à porta e tive que chamar a polícia”, recorda.

As queixas feitas à PSP acumulam-se. “De cada vez que faço uma queixa ela vai e faz outra contra mim”.

O que mais me custa são os palavrões. Ela chama-me de tudo. E tenta agredir-me e eu tenho que me defender. Já me fez uns cortes nas mãos com facas. Eu tenho que me defender.‘António’ diz que é vítima para não perder a sua liberdade. “Sou vítima não é por ter medo dela. É por ter medo das leis”, assegura, dizendo que estas estão “do lado das mulheres” e que suporta todas as ofensas diárias porque não quer ir preso.

“Tenho-me segurado, mas se isto continua assim vou explodir e não sei o que acontecerá”, remata.

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