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Agressões e culpas: A versão dos gémeos sobre o que se passou

Em entrevista à SIC, os gémeos filhos do embaixador do Iraque em Lisboa justificam as agressões a jovem.

Agressões e culpas: A versão dos gémeos sobre o que se passou
Notícias ao Minuto

20:13 - 23/08/16 por Inês André de Figueiredo

País Ponte de Sor

Haider e Ridha, os gémeos iraquianos que agrediram violentamente Rúben Cavaco, de 15 anos, em Ponte de Sor, concederam uma entrevista exclusiva à SIC e falaram sobre o que se sucedeu.

"Diria que eu e o meu irmão agimos por nos termos sentido insultados e humilhados e por revolta", começa por explicar um deles.

Questionados sobre se perderam o controlo, um dos gémeos assume: "Perdemos completamente [o controlo] e gostaria de pedir desculpa. E, nesta altura, temos de ter amor no coração, não podemos ter ódio. Mas acredito que a grande lição é que todos podemos aprender". 

Confrontados com o facto de o Governo iraquiano poder retirar-lhes a imunidade diplomática que têm devido à função do pai, os gémeos garantem estar preparados para assumir "toda a responsabilidade", acrescentando que não se estão a esconder, independentemente da decisão do executivo do Iraque.  

O início da noite

Os gémeos iraquianos garantem que a entrevista dada à SIC não é uma "justificação", já que "a violência nunca pode ter justificação", mas sim uma "uma clarificação da história", por sentirem que é o mínimo que devem "aos portugueses e à família do Ruben". 

"A noite começou no ‘Koppus’, um bar e restaurante local. Sentei-me numa mesa com os meus colegas da G Air e estávamos a divertir-nos, a rir e assim. Eu tinha uma camisa de manga curta. Infelizmente, foi rasgada no incidente, duas das minhas tattoos estavam visáveis e um dos meus colegas fez um comentário sobre as mesmas e, a brincar, despi a perna direita das minhas calças para lhe mostrar a tatuagem que tenho na coxa", começa.

"Acho que as pessoas que estavam na mesa atrás da nossa ficaram muito ofendidas por eu ter despido uma das pernas das calças e começaram a agir de forma muito agressiva", diz o gémeo que frequentava o aeródromo de Ponte de Sor.

No momento que se segue, o iraquiano diz que se aproximaram dele e disseram "obscenidades" em português. "Um dos rapazes agarrou-me a mão, as duas mãos, e um dos meus colegas da G Air interveio e pôs-se no meio de nós para que a situação acalmasse", explica.

O filho do embaixador explica que, "para evitar problemas com as pessoas da mesa", decidiram "simplesmente ir embora". "À saída, dirigi-me para o carro, entrei e, infelizmente, o meu irmão não teve tempo para entrar no carro e o grupo de rapazes, incluindo o Rúben, cercaram o meu irmão".  

O outro irmão, que estava de visita a Ponte de Sor, realça que estava junto do vidro e que o grupo de amigos do Rúben se aproximou, dizendo que um deles queria atacar o seu irmão. "Eu estava a tentar acalmá-lo para ele não avançar e possivelmente agredir o meu irmão, mas quando levantei as mãos, dei por mim a ser atacado por cinco ou seis pessoas e estavam a passar-me por entre eles como se fosse uma bola", salvaguarda, dando a entender que o ataque começou por parte dos jovens de Ponte de Sor.

O facto de estarem em "minoria" levou os irmãos a pensar que não podiam fazer muito. "Estava a tentar dar lutas mas eles eram demasiados", explica, referindo que depois desse momento o grupo se "limitou a fugir".

"Nós tínhamos deixado o local mas voltámos dois minutos depois para ver se eles ainda estavam lá, mas só encontrámos a GNR e algumas pessoas do lado de fora a explicar à polícia o que tinha acontecido", altura em que os gémeos contaram a sua versão da história.

O rapaz conta que o irmão tinha "lesões na cara" e refere que tem o seu nariz e um pé fraturados. Nessa altura, as autoridades levaram-nos a casa e pediram que se apresentassem na manhã seguinte.

Voltaram a encontrar-se com Rúben no local

Pouco tempo depois, os filhos do embaixador regressaram ao local para recuperarem objetos perdidos e, na versão destes, Rúben disse-lhes coisas em português que não entenderam, mas garantem que se tratava de um "tom agressivo".

"Saí do carro, para ir ter com ele e ver o que queria. Perguntei-lhe: 'Qual é o teu problema? Porque estás a fazer isto?' e ele disse outra coisa em português que eu não entendi", explica. O jovem diz que Rúben o agrediu na cara e no ombro e que começou a correr. 

"Depois disso, senti-me extremamente insultado, também por causa das agressões anteriores e, por isso, corri atrás dele e comecei a agredi-lo. Dei-lhe murros e, quando dei por isso, o meu irmão também tinha vindo e estava a ajudar-me". O iraquiano assume que agrediu Rúben, dando-lhe "pontapés quando ele estava no chão".

"O meu irmão disse-me para parar porque ele estava no chão e não havia nada a fazer".

A "receita perigosa" de que os gémeos falam

Álcool, adolescentes e mentalidade de grupo são apontados como fatores capazes de gerar uma "receita perfeita". Contudo, os jovens ressalvam que todos são "vítimas das circunstâncias". "Não diria que sou um vítima do Rúben, ou que o Rúben é uma vítima de mim, mas somos todos vítimas das circunstâncias que facilmente acontecem em Portugal". Neste seguimento, um dos gémeos frisa que lhe disseram que os amigos de Rúben já eram conhecidos na região por desacatos em Ponte de Sor.

"Não sei se pessoalmente o Rúben é má pessoa ou não, não diria que é, mas diria que ele é muito influenciado pelos amigos com quem estava".

Os gémeos reiteram que colaboraram com a investigação, que foram interrogados durante muitas horas e que deixaram que as autoridades recolhessem "o que quisessem" no apartamento.

Durante a entrevista ficou ainda um recado para o Rúben: "Para o Rúben e para a família dele, as minhas mais sinceras e sentidas desculpas por este incidente. Espero que todos aprendamos uma lição com isto".

[Notícia atualizada às 21h29]

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