Advogado de Rúben Cavaco pede consulta do processo
O advogado de Rúben Cavaco, o jovem agredido violentamente na passada quarta-feira, em Ponte de Sor, já pediu a consulta do processo e manifestou a intenção de colaborar com o Ministério Público, disse hoje o próprio à agência Lusa.
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País Ponte de Sor
Santana-Maia Leonardo admitiu à Lusa desconhecer se os dois gémeos de 17 anos, filhos do embaixador do Iraque e suspeitos da agressão a Rúben Cavaco, invocaram ou não imunidade diplomática quando foram levados para serem ouvidos e identificados pela GNR.
O advogado afastou para já a possibilidade de apresentar qualquer acusação particular contra os autores, por considerar que se trata de um "crime público" e, como tal, compete ao Ministério Público (MP) avançar com o caso. Todavia, manifestou a intenção de colaborar com o MP, na descoberta da verdade dos factos.
"Já pedi a consulta do processo", sublinhou Santana-Maia Leonardo à agência Lusa, precisando que aquele "não está parado", mas observando que a "justiça é mais lenta do que a comunicação social".
Sem revelar outras diligências para não comprometer a sua estratégia jurídica, o advogado transmitiu a ideia de que a tese de legítima defesa alegadamente invocada pelos gémeos iraquianos não colhe, porque a legítima defesa é uma coisa imediata e espontânea e a agressão a Rúben Cavaco ocorreu horas depois dos desentendimentos entre os jovens.
"Legítima defesa é no próprio momento" e não depois, argumentou.
Santana-Maia Leonardo precisou que o processo da agressão a Rúben Cavaco, que se encontra hospitalizado em Santa Maria, Lisboa, está no tribunal de Ponte de Sor, mas admitiu que, dado a gravidade dos factos, o caso possa vir a transitar para o Tribunal de Portalegre, após as alterações introduzidas ao mapa judiciário.
Quanto aos pais de Rúben Cavaco, o advogado limitou-se a dizer que estão a "viver a situação com grande intensidade".
Na última quarta-feira, Rúben Cavaco foi agredido em Ponte de Sor e sofreu múltiplas fraturas, tendo sido transferido para o Hospital de Santa Maria, em Lisboa.
Santana-Maia Leonardo disse à agência Lusa que o jovem saiu hoje de manhã dos cuidados intensivos, adiantando que, agora, o jovem será submetido a uma "avaliação neurológica".
Os dois rapazes suspeitos da agressão são filhos do embaixador iraquiano, Saad Mohammed Ali, e têm imunidade diplomática.
A imunidade diplomática é uma forma de imunidade legal que assegura às missões diplomáticas inviolabilidade e, aos diplomatas, salvo-conduto, isenção fiscal e de outras prestações públicas, assim como de jurisdição civil e penal e de execução.
A Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas prevê também no artigo 9.º que o "Estado acreditador" possa, a qualquer momento, "e sem ser obrigado a justificar a sua decisão, notificar ao 'Estado acreditante' que o chefe de missão ou qualquer membro do pessoal diplomático da missão é 'persona non grata'".
Na segunda-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, admitiu pedir ao Iraque que renuncie à imunidade diplomática dos filhos do embaixador iraquiano em Portugal, suspeitos de agredirem um jovem em Ponte de Sor, se essa diligência for solicitada pela justiça.
O embaixador do Iraque em Lisboa foi entretanto convocado a Bagdade, pelo ministério iraquiano dos Negócios Estrangeiros, avançou hoje a imprensa do seu país.
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