A homenagem foi convocada pelo ex-bombeiro Ricardo Oliveira, que, perante os cerca de 60 efetivos e infantes que acolheram a multidão no exterior do quartel em Arouca, distrito de Aveiro, lhes agradeceu por serem "verdadeiros guerreiros no combate às chamas" e lhes reconheceu ainda mais "generosidade e modéstia" ao vê-los retribuírem o gesto do público com o seu próprio aplauso à população.

"Considerando que um evento organizado pelo Facebook é sempre um bocadinho volátil em termos de participação e tendo em conta que no centro da vila de Arouca só vivem 2.000 habitantes, ter aqui 300 pessoas a aplaudir os bombeiros supera as expectativas", declarou à Lusa o promotor da homenagem.

"Claro que eles mereciam muito mais do que isto, todos os dias, mas acho que este gesto já dá para terem uma ideia do quanto lhes agradecemos", realçou Ricardo Oliveira.

Isilda Oliveira foi uma das pessoas que se deslocaram ao quartel para participar na iniciativa e, embora residindo em Rossas, "onde o fogo nem chegou perto", disse que não podia ter faltado à homenagem.

"Estes bombeiros são pessoas fantásticas, fora de série, e estão sempre do nosso lado nos piores momentos. A qualquer altura podem perder a vida ao tentar salvar a nossa e não nos podemos esquecer disso nunca, portanto isto é o mínimo que podemos fazer por eles", afirmou.

Lurdes Pinho concordou e salientou o caso do bombeiro João Bastos, que, estando na Escócia a trabalhar na instalação de torres eólicas, "ficou aflito ao saber que a serra estava toda a arder, deixou tudo para trás e meteu-se num avião para vir combater o incêndio com os colegas".

Também destacou o exemplo do bombeiro Armando "Eirais" Ferreira, que, com risco para a sua própria vida, "se atirou por um barranco para apagar o fogo lá no fundo, por saber que, se as chamas alastrassem à encosta, nunca mais ninguém travava aquilo".

Isabel Oliveira também disse estar "muito grata" aos bombeiros que a ajudaram a travar o fogo em Pernouzela quando se aproximou de sua casa com labaredas de "30 metros de altura", mas lamentou que a adesão à homenagem de hoje não tenha sido mais expressiva.

"Eles andaram dias inteiros sem dormir nem comer em condições, a matarem-se por nós. Não mereciam que mais gente tivesse saído de casa hoje para os vir aplaudir?", declarou.

O presidente da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Arouca, Celso Portugal, manifestou-se satisfeito com a participação popular na homenagem.

"O povo de Arouca que é solidário nestas alturas também é solidário no resto do ano e, graças a Deus, não nos podemos queixar. Passamos por algumas dificuldades, como todas as corporações do país, mas aqui na terra sempre nos ajudaram e esperamos poder sempre contar que assim seja", afirmou.

Nos recentes incêndios de Arouca, onde arderam 170 dos 328 quilómetros quadrados do concelho, as chamas foram combatidas por mais de 900 bombeiros de diversas corporações do país.

Pela corporação de Arouca trabalharam 70 homens e oito mulheres do respetivo corpo operacional, auxiliados por 12 estagiários, dez bombeiros dos quadros de honra e reserva e ainda dezenas de escuteiros do agrupamento local.

No final da homenagem, o comandante da corporação, José Gonçalves, agradeceu o contributo de toda a equipa.

Quando pediu aos cerca de 60 bombeiros reunidos no quartel um aplauso de retribuição também para os populares aí presentes, já tinha afirmado: "Podem continuar a contar com o nosso esforço em tudo o que conseguirmos".