O padre Giselo Andrade explicou à agência Lusa que as celebrações religiosas vão prosseguir "dentro da normalidade", mas a parte do arraial, habitualmente composto por cerca de 60 espaços de comes e bebes e venda diversa, foi cancelado devido ao "momento de recolhimento" que se vive na freguesia do Monte e em toda a região autónoma na sequência dos incêndios que começaram segunda-feira.
A paróquia de Nossa Senhora do Monte recebe todos os anos milhares de pessoas, que participam nas festividades em honra da padroeira da Madeira, nos dias 14 e 15 de agosto, e, simultaneamente, naquele que é considerado o maior arraial popular do arquipélago.
A festa é organizada pela paróquia, pela Câmara Municipal do Funchal e pela Junta de Freguesia do Monte.
Giselo Andrade recordou que um residente local ficou gravemente ferido nos incêndios, com queimaduras em 70% do corpo, e teve de ser transportado para Lisboa, além de que vários sítios da freguesia foram "profundamente afetados pelo fogo".
As festividades começaram no dia 05 agosto, com a realização da primeira novena (missa preparatória), e prolongam-se até 15 de agosto, com a realização da missa solene.
O pároco explicou que na terça-feira (09 agosto) a própria celebração religiosa foi cancelada, devido à situação caótica que se vivia no concelho do Funchal, com chamas e fumo denso por todo o lado.
"Vivemos um momento em que deve prevalecer o espírito de solidariedade", salientou.
A devoção dos madeirenses a Nossa Senhora do Monte está, aliás, associada a um momento trágico, uma vez que ganhou maior ênfase após a grande aluvião de 1803, a catástrofe natural mais violenta que assolou a ilha desde o povoamento, e que provocou a morte de 700 a 1.000 pessoas.
Na busca por um conforto espiritual para suplantar a dor da tragédia, a diocese do Funchal indicou, em 1804, Nossa Senhora do Monte para padroeira da Madeira.
Os incêndios que deflagraram na tarde de segunda-feira da Madeira, com focos de grandes dimensões no concelho do Funchal e em outros concelhos da ilha, provocaram três vítimas mortais na zona da Pena (Santa Luzia), dois feridos graves, dezenas de casas destruídas e avultados prejuízos materiais.
