Segundo o CENA, os filmes em questão são "Zeus", de Paulo Filipe Monteiro, da Happygénio, e "O ornitólogo", de João Pedro Rodrigues, da Blackmaria, ambos financiados pelo Instituto do Cinema e Audiovisual (ICA).

O filme "Zeus", sobre o escritor Manuel Teixeira Gomes, antigo Presidente da República, contou com o apoio da Presidência da República e do Estado argelino, onde foram filmadas várias cenas "em condições bastante precárias", segundo a mesma fonte.

O Palácio da Cidadela, em Cascais, foi também cenário de algumas cenas "sem custos", assinala o sindicato.

Relativamente a "Zeus", o CENA "tem conhecimento de pagamentos em atraso a cinco trabalhadores de diferentes áreas técnicas há sete meses", tendo a rodagem terminado em dezembro passado.

Segundo o CENA "foram feitos pagamentos aleatórios a alguns trabalhadores sem que a produtora Happygénio conseguisse justificar essa diferenciação entre os trabalhadores".

O CENA interveio, e "a produtora pagou a uma trabalhadora, fazendo promessa de rapidamente pagar os valores em falta aos restantes trabalhadores, o que até agora não se verificou".

O sindicato enviou já uma carta à Presidência da República apelando à sua intervenção nesta questão dos salários em atraso.

O filme "O ornitólogo" foi selecionado para a competição do Festival de Locarno, na Suíça, "numa altura em que vários técnicos, atores, e o próprio realizador ainda não receberam os seus salários".

A rodagem de "O ornitólogo" terminou em outubro do ano passado e, segundo o CENA, também "foram feitos pagamentos aleatórios a alguns trabalhadores sem que a produtora Blackmaria conseguisse justificar essa diferenciação entre os trabalhadores".

Refere o CENA que do financiamento atribuído pelo ICA faltam entregar à produtora 30.000 euros, "correspondentes ao fecho de contas, sendo que este valor representa uma pequena fatia do total do apoio", todavia "o montante devido aos vários trabalhadores é muitíssimo superior a este valor".

O CENA afirma que face ao "silêncio por parte do produtor", fez "várias tentativas falhadas de obtenção de uma previsão de data de pagamento", informou o ICA, e "alguns trabalhadores decidiram agir judicialmente".

"No seguimento deste processo e por falta de cumprimento da parte da produtora de um acordo de pagamento assinado entre as partes, encontra-se de momento a decorrer um processo de execução no ICA acionado pelos trabalhadores de forma a garantirem que os 30.000 euros que restam do apoio sejam utilizados para o pagamento dos salários em falta".

A produtora foi contactada pelo CENA que remeteu qualquer explicação sobre o assunto para os seus advogados, afirma o sindicato que informa ter conhecimento de "pagamentos em atraso a 12 trabalhadores há nove meses, desde o realizador, a alguns atores e a vários técnicos".

O CENA apela que o Governo, através do Ministério da Cultura e do ICA se criem "os enquadramentos legais necessários para que o ICA possa intervir de forma célere e assertiva, não compactuando com estes atropelos aos direitos dos trabalhadores".

A agência Lusa tentou contactar as duas produtores não tendo recebido qualquer esclarecimento sobre esta situação em tempo útil.