De perdidos para a vida a exemplos de vontade de mudar
Soraia Cerejo, Paula Laxale e António Paulo são exemplos de sucesso do projeto 'Dar Sentido à Vida' que há dez anos decorre nos Serviços de Assistência Organizações de Maria (SAOM) e que já empregou quase 200 pessoas.
© Reuters
País Porto
Instituição Privada de Solidariedade Social, a SAOM iniciou há uma década um projeto que visava dignificar e reinserir socialmente sem-abrigo ou pessoas em risco de exclusão social, integrando-os em cursos de formação na área da hotelaria e restauração.
Dos 16 cursos até agora concluídos resultaram 200 novos formados e, sobretudo, uma enorme autoestima entre os que conseguiram sair de situações de enorme precariedade para passarem a ter o controlo das suas vidas.
Soraia Cerejo, de 28 anos, sonhou um dia ser cozinheira mas, condicionada pela epilepsia e ausência de apoio familiar, a vida conduziu-a até uma tutora e a um "quarto sem janelas, televisão ou condições para comer".
Sem formação escolar, Soraia vivia uma situação desesperante até o dia em que conheceu a coordenadora do projeto "Dar Sentido à Vida", Luísa Neves. Em declarações à Lusa, a agora copeira do restaurante Torreão contou que se inscreveu primeiro no curso de pastelaria e depois no de empregada de mesa.
"Logo depois - disse por entre sorrisos - surgiu a oportunidade de trabalhar no restaurante e hoje a SAOM é a minha família".
Aos 46 anos, Paula Laxale deixou para trás uma vida ligada ao consumo de drogas e gere a loja "Português de Gema" que a SAOM, pretende transformar em referência para o turismo no Porto. "Era uma mercearia fina e agora passou a restaurante", disse, orgulhosa.
Quando, há cinco anos, soube dos cursos na SAOM, através de uma assistente social, Paula vivia "um percurso de dependências", que a fazia sentir-se "muito perdida, desorientada. Estava muito em baixo, desestruturada", confessou.
O vício fê-la sair de casa de uma família que a apoiava para passar a viver na rua. Mas no dia em que enveredou pelo curso de pastelaria e depois fez outro de extras, a sua vida mudou.
"Pouco tempo depois recebi a proposta para ficar a trabalhar no projeto", relatou.
Paula quer agora "fazer crescer o Português de Gema, conseguir gerir aquele espaço o melhor que puder".
António Paulo, de 45 anos, entrou na SAOM há três anos. Fez um curso de ano e meio e depois um estágio na padaria onde trabalha atualmente. Para trás ficaram quase 30 anos de consumos de drogas.
"Não me lembro de ter sonhos. Aos 13 anos meti-me nas drogas e aos 15 anos já andava nas drogas duras", recorda António que, ao assimilar os ensinamentos adquiridos no 'Dar Sentido à Vida'. mudou por completo a sua vida.
"Hoje trabalho, tenho o meu apartamento, vivo com uma mulher e, apesar dos meus problemas de saúde, isso não é um entrave para o que quero fazer e estou decidido. Tenho um filho que precisa de mim e vou agarrar-me com unhas e dentes", argumentou.
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