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Balsemão diz que o projeto europeu sempre o uniu ao "bom amigo" Soares

O fundador do PSD Francisco Pinto Balsemão lembrou hoje episódios e algumas divergências que teve com o seu "bom amigo" Mário Soares, mas disse que sempre estiveram de acordo em questões fundamentais, como o projeto europeu.

Balsemão diz que o projeto europeu sempre o uniu ao "bom amigo" Soares
Notícias ao Minuto

21:48 - 23/07/16 por Lusa

País Homenagem

Francisco Pinto Balsemão falava durante uma homenagem a Mário Soares e ao seu I Governo Constitucional, que tomou posse faz hoje precisamente 40 anos, promovida pelo Governo e realizada nos jardins da residência oficial do primeiro-ministro, em São Bento, Lisboa.

"Estivemos sempre de acordo em questões fundamentais. Estivemos sempre de acordo na defesa das liberdades, na luta pela democracia, pela construção de uma Europa na qual continuamos a acreditar e que queremos deixar aos nossos filhos e aos nossos netos", declarou o antigo primeiro-ministro, que chefiou os VII e VIII governos constitucionais, recebendo palmas.

Num discurso de cerca de quinze minutos, com Mário Soares ao seu lado, Balsemão falou da amizade que os dois mantêm há 50 anos e do relacionamento que tiveram enquanto responsáveis políticos após o 25 de Abril, referindo, por exemplo, que Sá Carneiro tentou um entendimento com o PS antes de avançar para uma aliança com o CDS.

"Tentámos colaborar durante os chamados governos de iniciativa presidencial. A primeira proposta de aliança feita pelo doutor Sá Carneiro a um partido daquilo a que se chamava - não sei se agora ainda se pode chamar - o arco da governação foi ao PS. Só que essa aliança não foi possível e avançou-se para outra solução, a chamada Aliança Democrática", disse.

O presidente do grupo Impresa falou também da colaboração que tiveram e das reuniões que faziam na residência oficial de São Bento quando foi primeiro-ministro, entre janeiro de 1981 e junho de 1983, e Mário Soares liderava o PS na oposição.

"Eu tinha o prazer de receber aqui nesta casa o chefe da oposição. Criámos até um certo protocolo nessas reuniões, que eu acho que é importante que se mantenha, porque há um líder do Governo e um líder da oposição, e eles devem assumir estes cargos também com um lado institucional", considerou.

Segundo o social-democrata, nesses tempos os dois tiveram debates acesos: "Eu acusei-o de estar a meter o socialismo na gaveta, ele acusou-me de outra coisa qualquer".

No início da democracia, a descolonização e a tentativa de adesão do PSD à Internacional Socialista, à qual Soares se opôs, foram outros motivos de divergências. "E também havia os clássicos aborrecimentos causados pelo Expresso, do qual eu era diretor", referiu.

Contudo, salientou que chegaram a acordo para a revisão constitucional de 1982. "Isso deve-se em grande parte à ação do doutor Mário Soares e foi assim que nós tivemos finalmente uma Constituição democrática", disse.

Mais recentemente, Balsemão revelou ter discordado de Soares quando este teve "uma deriva chavista, pró-Hugo Chávez" e apoiou "o movimento de Porto Alegre no Brasil contra a reunião anual em Davos" e quando decidiu candidatar-se novamente a Presidente da República em 2006.

"Eu disse-lhe o que pensava, ele não me quis ouvir. Mas uma prova da resiliência deste homem foi que eu convidei-o para almoçar poucos dias depois da derrota e ele já estava a olhar para o futuro, já estava noutra, já estava a pensar no que ia fazer a seguir, com uma capacidade de resistir, sem se queixar", relatou.

Balsemão descreveu Mário Soares como "um grande democrata" e "um grande homem" que, "além de ser corajoso física e moralmente, é corajoso em relação ao presente e ao futuro".

O antigo jornalista recordou que quando se conheceram num almoço gostaram logo um do outro, mas a PIDE forjou uma carta simulando a letra de Mário Soares "para lançar imediatamente a discórdia e acabar com uma amizade que estava a nascer".

"Por isso, a PIDE, até certo ponto, colaborou na nossa amizade", observou.

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