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O testemunho de uma portuguesa: "Era só mortos, só mortos"

Portuguesa fala em cenário de terror.

O testemunho de uma portuguesa: "Era só mortos, só mortos"
Notícias ao Minuto

08:19 - 15/07/16 por Andrea Pinto com Lusa

País França

"Vi tantos, mortos, tantos mortos. Falam em 30 mortos, mas são mais, muitos mais. Eram só mortos, só mortos". As palavras são de Fátima Lopes, portuguesa nascida em França, que ainda está "muito chocada" horas depois do ataque que ocorreu, na noite de quinta-feira na avenida marginal de Nice, onde viu mais de 50 mortos, incluindo "muitas crianças".

"Estava na Promenade des Anglais [quando] vi aquele camião em cima do passeio a levar as pessoas todas à frente. Estava já um senhor morto à minha beira. Estava cheio de mortos (...). Estou muito chocada porque havia muitas crianças mortas", contou Fátima Lopes, de 50 anos, num relato emocionado à agência Lusa.

Descrevendo uma cena "horrível", recorda o "pânico incrível" que se gerou, com toda a gente a gritar e "a fugir para um lado e para o outro".

Fátima Lopes estava com o marido quando ocorreu o ataque, que fez pelo menos 84 mortos e mais de uma centena de feridos -- 18 dos quais em estado crítico --, de acordo com o mais recente balanço oficial.

Tinham ido jantar com a filha a um restaurante e iam a passar, numa altura em que o fogo-de-artifício estava a acabar, quando viram um camião a seguir a alta velocidade.

"Foi tudo tão depressa, o camião ia a mais de 90 [quilómetros] à hora", relatou Fátima Lopes, recordando que até comentou com o marido que o condutor do veículo pesado devia ter perdido o controlo ou ter tido problemas nos travões.

"Saímos do carro e começou tudo a parar, a dar assistência às pessoas, a cobri-las com o que tinham, com casacos, sei lá. Eram só mortos, só pedaços de pessoas", descreveu.

Outros familiares de Fátima Lopes também testemunharam o ataque.

"A minha irmã se não fosse o homem dela puxá-la para trás também estava morta. Os meus sobrinhos, com 10 e 14 anos, também viram os mortos como eu e começaram a chorar", relatou.

Depois, continuou, foi-lhes dito para que se afastassem e ouviram-se tiros. "O que a gente queria era meter-se num cantinho e não mexer mais", lembrou.

Fátima Lopes também recordou que estavam muitos portugueses no local, pelo que teme que estejam alguns entre as vítimas.

Segundo dados facultados à agência Lusa pelo secretário de Estado da Comunidades, José Luís Carneiro, atualmente encontram-se em Nice aproximadamente 10 mil portugueses.

Um homem lançou um camião contra uma multidão na avenida marginal de Nice, a Promenade des Anglais, que na quinta-feira assistia a um fogo-de-artifício para celebrar o dia nacional de França.

As autoridades francesas consideram estar perante um atentado terrorista e o Presidente da França, François Hollande, anunciou o prolongamento por mais três meses do estado de emergência que vigora no país desde o ano passado.

A autoria do ataque ainda não foi reivindicada.

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