Lisboa mais 'amiga' dos skates mas praticantes pedem mais investimento

O aumento de praticantes de skate na região de Lisboa levou, nos últimos anos, a uma proliferação de pistas, escolas e associações dedicadas à modalidade, que, para muitos, é apenas "uma forma de estar na vida".

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Lusa
09/07/2016 16:25 ‧ 09/07/2016 por Lusa

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A Aragão Skate School foi criada com a inauguração do Parque das Gerações, em São João do Estoril (Cascais), há cerca de três anos, numa iniciativa dos irmãos Aragão, que também exploram um espaço dedicado à venda de material.

Laurence Aragão considera que com, o trabalho que a escola tem vindo a desenvolver e com o próprio Parque das Gerações, o skate começa a "ser visto de outra forma", destacando-se também o trabalho feito pela comunidade local.

No entanto, lamenta não ser dada a devida manutenção a parques mais antigos, como o skatepark do Monsanto (Lisboa) de onde se "removeram as rampas todas", e o Parque de São Sebastião (na mesma cidade), que "não tem funcionalidade nenhuma".

Laurence Aragão entende que a Federação Portuguesa de Surf -- que tutela o skate - "não está organizada" em relação à modalidade. Apesar disso, os atletas podem beneficiar se estiverem federados, "por um valor mínimo", garantindo a existência de um "seguro de atleta que cobre várias despesas, após o pagamento de uma franquia".

No seu entender, a entrada do skate nos Jogos Olímpicos vai fazer com que a modalidade seja vista de outra forma: "Portugal tem toda a capacidade de vir a ter uma seleção e a federação, por ter mais um desporto olímpico, começa a ser obrigada a investir".

O presidente da Federação Portuguesa de Surf, João Aranha, diz, por sua vez, à agência Lusa que há questões que o preocupam, como "o facto de muitos praticantes não possuírem um seguro desportivo", "a falta de formação e certificação de treinadores de skate, face à crescente oferta de escolas de skate", bem como a existência de parques desadequados à prática "ou que ficam ao abandono por não possuírem as condições necessárias".

João Aranha considera haver instabilidade na modalidade, uma vez que há quem a encare dessa forma e quem a reconheça como um 'lifestyle'."Tudo isto, associado à crise financeira mundial, se traduz na falta de apoios aos atletas e ao próprio skate", refere.

O responsável realça que a direção "encarou sempre o skate de forma bem distinta das outras modalidades que tutela", por não existir uma entidade oficial ou uma federação própria.

Tiago Matos, coordenador e professor na Difere Skate School, na Charneca da Caparica (Almada), sempre teve uma ligação com o skate.

Em Portugal, existem muitas escolas de surf, bodyboard e windsurf, mas não de skate, sendo esta uma das principais razões que o levaram a fundar a escola, em 2013.

"O skate é uma modalidade relativamente difícil, os miúdos gostam de evoluir depressa e, quando isso não acontece, acabam por desistir", diz Tiago Matos, que treina crianças dos 6 aos 14 anos.

A partir de 90 euros, é possível comprar um skate completo e funcional. Caso as peças sejam compradas à parte, como "tábuas, 'trucks', rodas e rolamentos", pode facilmente chegar aos 200 euros, apontou, avançando que "nas grandes superfícies dos centros comerciais os preços são um pouco inflacionados".

Tiago Matos sublinha que em Almada não existe uma loja destinada apenas ao skate, já que "não há mercado suficiente para garantir a sustentabilidade". A solução passa pelas compras 'online'.

Portugal tem a funcionar, desde 2005, a Associação Portuguesa de Skateboard. O responsável, Luís Paulo, explica que a ideia de criar a estrutura surgiu da dificuldade de "fechar estradas para praticar as provas de velocidade".

A associação teve o apoio das câmaras que possuem parques destinados ao skate e é nestes espaços que se dá a conhecer o projeto, ao mesmo tempo que contribui para "valorizar estas infraestruturas no país".

Segundo Luís Paulo, a modalidade tem vindo a crescer ao longo dos anos, devido ao "aparecimento de mais pistas, o que resulta em mais skaters, e ao surgimento de material mais barato, revistas e 'sites'".

"O próprio marketing das grandes marcas utiliza o jovem teenager com um skate, acabando por dar um impulso à modalidade", frisa.

O skate é também já encarado como um meio de transporte para muitos. Luís Paulo indica que "serve para carregar caixas, para trabalhar, para ir às compras, serve praticamente para tudo".

Já David Spínola, praticante há cerca de 15 anos, descobriu a modalidade a partir do surf. Com 29 anos, já participou em vários campeonatos, foi federado e teve patrocínios das "melhores marcas", mas abandonou as competições para trabalhar a tempo inteiro: "O skate não dá dinheiro".

Este é um dos praticantes que encaram o skate como uma modalidade desportiva, "ao contrário de muitos" que o consideram uma arte. "Se não houver preparação física, não é possível andar uma tarde de skate, logo, é sem dúvida um desporto", diz.

Quando era patrocinado, recebeu essencialmente tábuas e roupa. Contudo, sublinha a falta de apoio para as deslocações. "Quando se é maior de idade e temos de nos sustentar, o skate não serve", afirma.

Hoje, é praticante assíduo nas estruturas do Parque das Nações, na Bela Vista e em São João do Estoril. Aquilo de que mais gosta na modalidade é o "próprio desafio" e o facto de estar em "constante evolução".

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