Oposição em Lisboa critica coincidência de obras e fala em eleitoralismo
Os partidos da oposição na Câmara de Lisboa, assim como moradores, criticam a coincidência de datas de obras significativas na cidade, alegando que é uma medida eleitoralista da liderança municipal.
© Lusa
País Autarquia
Até 2017, ano de autárquicas, estão em curso na cidade várias empreitadas, começando na frente ribeirinha (onde se está a requalificar o Cais do Sodré, Corpo Santo, Campo das Cebolas e, mais recentemente, a Rua da Alfândega), e passando pelo Eixo Central (Saldanha e Picoas) e pela Segunda Circular.
A estas acrescem repavimentações e melhorias de piso, num total de 37 obras em curso em junho, segundo números da autarquia, de maioria socialista.
Em declarações à Lusa, o vereador do CDS-PP, João Gonçalves Pereira, mostrou-se favorável a intervenções, mas questionou o facto de "a Câmara de Lisboa querer fazer as obras na cidade todas ao mesmo tempo, e concentradas apenas num ano e meio", quando "nos últimos oito anos de gestão socialista a cidade teve muito pouca obra".
"Isso é feito em nome de um calendário eleitoral e em prejuízo daquilo que é o dia-a-dia dos lisboetas", advogou.
Sobre a intervenção no Eixo Central, o vereador considerou que "houve uma grande evolução e em benefício da cidade" em termos de estacionamento, mas quanto à circulação a intervenção "é precipitada [...] e as consequências serão visíveis no momento em que a obra encerrar".
O PDS afirmou que se cometeu um "erro de estratégia", pois a Câmara "optou por fazer obras cosméticas na cidade, obras rápidas, que prevê terminar rapidamente, e que vão tornar algumas zonas da cidade mais bonitas", mas que "não vão resolver os problemas de circulação".
"Tudo isso vai decorrer ao mesmo tempo, entupindo a cidade. Isso não se faz, em termos de planeamento é uma irresponsabilidade e é de um egoísmo que só beneficia o próprio doutor Fernando Medina [presidente], julga ele, em termos eleitorais", vincou o vereador António Prôa.
Na sua opinião, a "aposta responsável passa por encontrar uma forma de diminuir a entrada de veículos na cidade".
O vereador critica ainda o facto de as intervenções ao abrigo do plano "Pavimentar Lisboa" estarem a sofrer atrasos e descurarem "ruas mais secundárias com graves problemas".
Já o PCP, mais brando nas críticas, classificou as obras no Eixo Central e na Segunda Circular como "absolutamente necessárias", levantando questões relativas a "achados arqueológicos e manutenção de espaços verdes" no Cais do Sodré e no Campo das Cebolas.
"Passou-se muito tempo em que nada ou muito pouco aconteceu e agora em cima praticamente do período eleitoral começam a ver-se obras a aparecer", apontou à Lusa o vereador Carlos Moura, ressalvando que "isso pode ser considerado eleitoralista, mas havia a necessidade, isso não é discutível".
No seu entender, agiu-se "algo atabalhoadamente, sem os devidos cuidados e sem pensar que aquilo que estrutura a cidade é uma boa rede de transportes públicos e não uma boa rede de acesso viário".
A Federação Portuguesa de Cicloturismo e Utilizadores de Bicicleta vê "com agrado" as intervenções e diz que "a requalificação da cidade é de aplaudir".
"O andar a pé, o andar de bicicleta, os modos suaves, é uma das prioridades [que a maioria camarária] tomou no seu programa eleitoral [...] e está a tentar concretizar até ao final do mandato", afirmou José Manuel Caetano.
O responsável foi taxativo quanto ao calendário: "Se elas são feitas à pressa, se são feitas com intenções políticas... eu quero é que elas se façam".
Sobre as polémicas em torno do estacionamento, sobretudo no Eixo Central, José Manuel Caetano defendeu que "a cidade está a mudar" e é preciso que as pessoas se "ajustem".
Já a Federação das Associações de Moradores da Área Metropolitana de Lisboa queixa-se de que a "Câmara não tem ouvido as pessoas".
"Há sempre o risco de as obras e toda esta situação piorar e atrasar e portanto vivemos um período na cidade de caos e de transtorno [...]. Nós sabemos por experiências anteriores que toda a gente, de uma forma ou outra, vai ser muito afetada", apontou o vice-presidente, Luís Paisana.
Admitindo que as intervenções "deviam ter sido planeadas e faseadas", a federação aponta como principais problemas o pó provocado pelos trabalhos e a redução do "espaço de circulação e de mobilidade".
Tanto a Deco - Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor como o Portal da Queixa não receberam até junho "qualquer reclamação específica sobre as obras atuais e futuras da cidade".
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