A mulher que foi filmada a fazer sexo, em Paredes de Coura, com a filha de seis anos ao lado, tem sido o assunto do momento, dentro e até fora do país.
O caso, ao que o Notícias ao Minuto apurou, já está a ser acompanhado pela Comissão de Proteção de Crianças e Menores (CCPJ) de Guimarães. “Por agora está tudo resolvido”, disse o responsável da CCPJ de Guimarães, escusando-se a prestar mais declarações sobre o caso.
Mas que impacto poderá ter uma situação destas na vida de uma criança? O Notícias ao Minuto foi tentar perceber.
“A ter acontecido, conforme se tem visto, configura um crime de abuso sexual”, considera o psicólogo Manuel Coutinho, para quem estamos perante um caso em que a criança foi exposta a uma situação da qual deveria estar protegida. “A criança devia ter sido preservada deste tipo de situações”, sublinha o especialista da SOS Criança.
Além disso, explica, “uma criança de cerca de seis anos não está preparada para ser confrontada com a sexualidade explícita dos adultos”. E isso, no seu entender, remete para sentimentos de angústia e ansiedade.
“A forma como lidou com essas imagens poderá refletir-se em dificuldades no desenvolvimento harmonioso da personalidade da criança ao nível da sua própria sexualidade, autoestima, autoimagem e na forma como se relaciona com os seus pares”, explica o especialista que vê neste caso ainda um outro ponto de análise: a exposição das imagens nas redes sociais.
Manuel Coutinho defende que quem tem conhecimento deste tipo de casos, deve denunciá-los às Comissões de Protecção de Menores ou à SOS Criança, mas não deve, nunca, expor a situação publicamente. “Em vez de maus-tratos, a criança passa a ser vítima de duplos ou triplos maus-tratos”, sustenta. As denúncias devem ser feitas em sede própria”, reforça ainda.
O pedopsiquiatra Pedro Monteiro partilha a mesma opinião sobre o caso. “A ter acontecido, estes adultos não estão a cumprir vários aspetos da vida familiar e a vida em sociedade, nomeadamente em relação ao pudor e ao recato que a vida íntima deve ter”, diz em conversa com o Notícias ao Minuto.
Pedro Monteiro elucida que, em termos educativos, "está-se a passar valores de uma família desorganizada, transmitindo à criança várias mensagens erradas dos valores sociais que devem ser partilhados".
Ora, isto poderá causar danos a longo prazo na imagem que aquela criança, numa fase adulta, vai ter de si própria e dos outros e nas próprias relações, observa este especialista, considerando, no entanto, que se se tiver tratado de “uma única experiência”, a situação pode ser remediada.