"Iniciativas como esta" da central são "muito importantes" para diminuir "a pegada ecológica muito significativa" da Europa, no que toca ao consumo de eletricidade, realça o presidente da Câmara de Moura, Santiago Macias.
Em declarações à agência Lusa, a propósito do Dia Mundial do Ambiente, que se assinala no domingo, e da importância da central fotovoltaica a funcionar em Amareleja, no concelho de Moura, distrito de Beja, o autarca considera que "as energias renováveis e as formas de energia alternativa" são "o caminho, ou pelo menos um dos caminhos" que o país deve "prosseguir e aprofundar".
Na pequena vila de Amareleja, que tem como "vizinha" uma paisagem "pintada" pelos milhares de seguidores solares da central, com painéis fotovoltaicos, o presidente da Junta de Freguesia, António Valadas, também defende a aposta do país nas energias limpas.
"Quando estamos a falar de energias renováveis, sem emissões de CO2 [gases com efeitos de estufa], é sempre importante e julgo que é um caminho a percorrer", diz, convicto de que a central construída na terra que lidera "é um bom exemplo para todo o país".
Em maio, a associação ambientalista Zero anunciou que o consumo de eletricidade em Portugal foi totalmente assegurado, durante mais de quatro dias seguidos, por fontes renováveis, o que constituiu um "recorde nacional" neste século.
Depois de analisar os dados da Rede Elétrica Nacional (REN), a ZERO -- Associação Sistema Terrestre Sustentável divulgou que, entre 06:45 do dia 07 de maio e as 17:45 do dia 11, o consumo de eletricidade foi "assegurado integralmente" por fontes renováveis.
A Central Solar Fotovoltaica de Amareleja, propriedade da empresa espanhola Acciona e a funcionar desde 2008, é um dos projetos existentes em Portugal que, com a fonte renovável da luz do sol, produz eletricidade para a rede elétrica nacional.
Resultante de um investimento de 261 milhões de euros, para produzir energia limpa durante 25 anos, a unidade tem uma capacidade total instalada de 46,41 megawatts e produz 93 gigawatts/hora de energia por ano, o suficiente para abastecer 35 mil habitações e poupar cerca de 90 mil toneladas de emissões de gases com efeito de estufa.
A central chegou a ser a maior do mundo e, agora, apesar de centrais posteriores, noutros pontos do globo, terem "roubado" esse título absoluto, continua a ser "a maior do mundo ao nível de seguidores de sol", afiança o presidente da Junta de Freguesia de Amareleja, destacando que os painéis fotovoltaicos vão rodando, ao longo do dia, consoante a trajetória do sol.
"Ter uma central com esta dimensão e importância do ponto de vista económico foi, desde logo, uma mais-valia muito significativa", afirma o presidente da câmara.
Entre outros benefícios, lembra Santiago Macias, o projeto "deu notoriedade" ao concelho, criou postos de trabalho e permitiu à câmara encaixar cerca de 15 milhões de euros com a venda à Acciona das ações da empresa municipal Amper Central Solar, que detém a licença da central.
Na Amareleja, a zona do país com maior número de horas de sol, o balanço do autarca António Valadas também é positivo, ainda que com alguns "reparos", nomeadamente por considerar insuficiente a renda de aproximadamente 80 mil euros/ano que a junta recebe da Acciona e porque o número de postos de trabalho ficou aquém do esperado (ronda as 15 pessoas, indica).
"De qualquer forma, é importante", frisa, realçando, com assumido orgulho, a "alta produção" da central "vizinha" da vila, que ocupa cerca de 250 hectares: "Há uns que são a 'terra do queijo', outros são a 'terra do presunto', nós somos a 'terra do sol' e, sem sol, não haveria nada".