Inatel dá formação a 10 refugiados para integração profissional
Dez pessoas refugiadas estão a ter formação profissional no Inatel para posteriormente poderem ser integradas nas unidades da fundação, uma iniciativa "pioneira" que foi formalizada hoje através do protocolo Programa 'Migrantes como Nós'.
© iStock
País Migrações
Hayder Alrbea tem 45 anos, é iraquiano e saiu do país em 2006, deixando para trás a mulher e quatro filhos. De lá, foi para o Irão, passou pela Turquia e pela Grécia até chegar a Portugal a 7 de março deste ano.
Do país só conhecia Cristiano Ronaldo e as laranjas, já que em árabe, a palavra Portugal designa a fruta laranja, mas hoje não tem dúvidas em afirmar que é "um bom país", bonito, e que os portugueses são calmos.
Está a aprender português e desde o início do mês de maio está a ter formação em cozinha no Inatel de Oeiras. Para Hayder, a comida iraquiana é muito diferente da portuguesa, mas diz que já se habituou e refere que ao almoço comeu "um frango com arroz muito bom".
Quanto a objetivos para o futuro, é muito claro: "Trazer família para cá, conseguir trabalho e ter autonomia".
Também Askale Amrere, 24 anos, sonha com a mesma coisa. Originária da Eritreia, saiu do país com a mãe em 1993 rumo à Etiópia, onde viveu os 22 anos seguintes.
Sem saber do paradeiro do marido, se está vivo ou morto, e com um filho que tem atualmente quatro anos, Askale não viu outra alternativa a não ser deixar a Etiópia e ir para o Sudão.
Do Sudão vai para a Líbia, com vista a tentar entrar na Europa, e é de lá que vem para Portugal, deixando o filho aos cuidados da mãe que ficou na Etiópia.
Quer aprender a falar português e depois quer tentar encontrar trabalho para ter um "melhor futuro" e conseguir trazer o filho para perto de si.
Hayder e Askale são dois dos 10 refugiados que foram acolhidos pela Fundação Inatel e que estão a ter formação profissional com vista a uma futura integração nas unidades hoteleiras da instituição.
A iniciativa enquadra-se no Programa "Migrantes como Nós", numa parceria entre o Inatel e o Conselho Português para os Refugiados (CPR), formalizada hoje através da assinatura de um protocolo.
Para a presidente do CPR, este é um protocolo inédito e pioneiro, que junta o acolhimento à formação dos refugiados, tornando-os "motor de desenvolvimento" de Portugal.
"O CPR está presente e empenhado para que estes 10 primeiros casos possam se multiplicar e para que esta boa prática possa ser disseminada", disse Teresa Tito Morais
À Lusa, o presidente do Inatel explicou que o programa "Migrantes como Nós", com duração total de 18 meses, divide-se em três fases, sendo a primeira delas o acolhimento, com duração de dois meses e que, no caso deste grupo de 10 pessoas, começou a 07 de março.
Posteriormente, segue-se a fase de formação em unidades hoteleiras do Inatel, onde, paralelamente, vão tendo uma componente prática, inserida na rede de trabalhadores.
"Fizemos uma parceria com o IEFP [Instituto de Emprego e Formação Profissional] para formação mas também para utilizar os programas de emprego ocupacionais (...) porque não é digno estas pessoas estarem a fazer trabalho gratuito", disse Francisco Caneira Madelino.
Depois desta formação, que arrancou no início de maio e deverá durar cerca de seis meses, os 10 refugiados deverão ser distribuídos pelas várias unidades hoteleiras do Inatel, desde o Minho ao Algarve.
A parceria com o IEFP servirá também para encontrar entidades que possam posteriormente empregar estas pessoas.
Francisco Madelino disse ainda que o Inatel está a preparar com a Confederação do Turismo Português e a Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP) a criação do conceito de hotel e restaurante solidários.
A ideia ainda está numa fase embrionária, mas passaria por uma certificação dos estabelecimentos que empregassem estas pessoas.
Descarregue a nossa App gratuita.
Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.
* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com