Meteorologia

  • 25 ABRIL 2024
Tempo
18º
MIN 13º MÁX 19º

Criar uma polícia única? Saiba o que dizem os sindicatos da PSP

O Notícias ao Minuto quis saber o que pensam os sindicatos da PSP e e as associações da GNR sobre uma unificação das duas forças de segurança. Hoje damos-lhe a conhecer o ponto de vista daqueles que defendem o interesse dos elementos da Polícia de Segurança Pública. Amanhã será a vez de ficar a saber qual a perspetiva das associações da Guarda Nacional Republicana.

Criar uma polícia única? Saiba o que dizem os sindicatos da PSP
Notícias ao Minuto

09:45 - 28/05/16 por Patrícia Martins Carvalho

País Exclusivo

Que se avance para a unificação das polícias”, disse ao Notícias ao Minuto Armando Ferreira, presidente do Sindicato Nacional da Polícia (SINAPOL) que enumerou os benefícios que uma unificação das forças de segurança traria para o país.

“Teríamos benefícios no que diz respeito à troca de informações, no que diz respeito à logística e ainda a nível financeiro”, apontou o sindicalista, recordando o exemplo da Bélgica cuja unificação das polícias e consequentes benefícios financeiros “permitiu aumentar o salário dos polícias em cerca de 800 euros”.

Mas o benefício financeiro não se esgota neste ponto. O presidente do SINAPOL diz ainda que a unificação permitiria um “aumento do efetivo” e uma poupança no que diz respeito às instalações. “Quantas instalações a PSP e a GNR não têm na mesma cidade?”, questiona para de seguida responder: “Havendo uma polícia única não havia necessidade de tantas instalações e de viaturas ou equipamentos”.

Mas esta unificação, a ser feita, “não poderia ser feita de um dia para o outro”. “Teria de ser bem programada e com as implicações que acarreta bem definidas”, sublinhou Armando Ferreira que defende, primeiro, uma unificação de todas as forças da polícia civil e de todas as forças da polícia militar, deixando sempre de fora a Polícia Judiciária. Depois, com a polícia civil unificada e com a polícia militar unificada, partir-se-ia para a fase final: a da unificação dos dois tipos de polícia e a consequente criação de uma “polícia nacional” que, sublinha, teria de ser “civil”.

Opinião semelhante tem o presidente do Sindicato dos Profissionais de Polícia (SPP) que, ao Notícias ao Minuto, disse que “só” vê “vantagens” numa unificação das forças policiais.

“O SPP/PSP há muito tempo que pede isso, porque é o meio mais eficaz de recolocação de todo o efetivo e porque traz mais-valias em todos os aspetos, pois reforçamos todos os postos, seja da PSP, seja da GNR, e se tudo for redistribuído há um melhor controlo da segurança”, explicou Mário Andrade.

Quanto aos custos, o sindicalista admite que existirão “no imediato com a transformação das viaturas e com uniformização do fardamento”, porém, “a médio e longo prazo haverá uma redução significativa [de custos] no Orçamento do Estado”.

A “comunicação entre as forças” é outra vantagem que Mário Andrade vê na unificação das polícias, à semelhança do que foi dito pelo seu colega Armando Ferreira. Ambos os sindicalistas defendem ainda que a despesa seria reduzida também pelo facto de passar a existir apenas “uma escola de formação”.

“Só vejo vantagens”, indicou Mário Andrade e quanto a dificuldades garantiu que o problema poderá residir nos generais pois “não há espaço para tantos generais no exército”.

Quem também acredita que as dificuldades maiores poderão surgir “a nível hierárquico” é Peixoto Rodrigues, presidente do Sindicato Unificado da Polícia (SUP), mas ainda assim defende que essa não é razão suficiente para não se pensar numa unificação das polícias.

“Agora temos uma PSP e uma GNR cujas funções são, maioritariamente, iguais. Temos militares nas ruas a zelar pela segurança pública. Não faz sentido, em democracia, existir uma Guarda com componente militar nas ruas”, começou por dizer o sindicalista ao Notícias ao Minuto, garantindo ser a favor da criação de uma polícia única de cariz civil.

Esta unificação, defendeu Peixoto Rodrigues, iria ser uma “mais-valia para o país”.

“Íamos ganhar em meios humanos, meios materiais e a nível de instalações. Em termos de eficácia e operacionalidade seria uma mais-valia para o país. Não faz sentido o país gastar tantos milhões de euros em duas forças com as mesmas funções”, sublinhou.

Opinião mais contida tem Paulo Rodrigues, presidente da Associação Sindical dos Profissionais de Polícia (ASPP).

“Não sei se os benefícios económicos são assim tantos como muitas vezes se apresenta, porque o número de pessoas é o mesmo e o número de chefias é o mesmo e se calhar até pode aumentar”, começou por dizer o responsável ao Notícias ao Minuto.

Nesta senda, Paulo Rodrigues referiu que o “grande benefício” da criação de uma polícia única seria o de “uma melhor coordenação do serviço operacional” e o facto de passar a existir uma “visão única do país em matéria de prevenção e ordem pública”.

Mas existe, na ótica do sindicalista, um grande entrave: a GNR ser uma força de cariz militar.

“Não nos opomos à unificação se a GNR for desmilitarizada. Em Portugal tem de haver uma polícia civilista. Não estamos contra que seja criada uma única polícia desde que a força que seja criada seja civilista”, defendeu, lembrando que “seria muito difícil gerir” as duas forças numa só, tendo em conta as diferentes culturas – civil e militar – que ambas têm.

Paulo Rodrigues alertou ainda que, para que este processo tenha sucesso na sua conceção e na prática, os “agentes e funcionários de ambas as forças têm de ter uma palavra a dizer”.

“Têm de ser envolvidos neste projeto e têm de acreditar nele, porque se os próprios funcionários não acreditarem na mudança é claro que vão resistir e então tornarão tudo mais difícil”, alertou.

De uma forma geral, os quatro representantes dos sindicatos afetos à PSP concordam com a criação de uma polícia única. Todos com quem o Notícias ao Minuto falou acreditam que tal mudança traria mais vantagens do que desvantagens ao país e que as grandes dificuldades sentir-se-iam ao nível das hierarquias – um ponto em que todos estão em total acordo.

E o que consideram as associações afetas à GNR? Amanhã leia a segunda parte da nossa reportagem.

Recomendados para si

;
Campo obrigatório