"Cerca de 60 a 70 populares entraram no edifício às 18h00, hora em que a estação devia fechar. Vamos ficar aqui até que nos seja dada alguma garantia de que a estação não vai fechar", adiantou, à agência Lusa, Vitor Narciso, dirigente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Correios e Telecomunicações (SNTCT).

Pelas 20h00, a estação de correios de Alcoentre estava cheia de população que não se quer vir embora, relatou Vitor Narciso, acrescentando que "a intenção das pessoas é permanecer no local, mesmo durante a Páscoa, até segunda-feira”.

À mesma hora a GNR estava a “chegar ao local”, adiantou o sindicalista, explicando que, "por volta da hora de fecho do estabelecimento e deparando-se com a invasão por parte da população, o funcionário de serviço terá recebido indicações de superiores dos CTT “para fazer o que quisesse” e “foi-se embora”, deixando a porta aberta.

O presidente da Junta de Freguesia de Alcoentre, António Morgado, que também se encontra no local, garantiu que o protesto vai durar até "quando a população quiser", admitindo também a possibilidade de os populares pernoitarem nas instalações da estação dos CTT.

A acção popular surge após uma concentração que se realizou durante a tarde de hoje, convocada pelo SNTCT, para protestar contra o fecho da estação dos correios de Alcoentre, anunciada pela empresa.

"Alguns serviços vão ser assegurados por uma papelaria, mas não é a mesma coisa. Há serviços, como a cobrança de vales e grandes encomendas, entre outros, que passarão a estar disponíveis ou na Azambuja ou no Cartaxo. Para ambos os lados são cerca de 40 quilómetros e não há transportes públicos com regularidade", explicou Carlos Narciso.

Fonte oficial dos CTT assegurou à Lusa que "todos os serviços postais prestados pela estação" vão ser assegurados, a partir de segunda-feira, por um posto dos correios instalado numa papelaria que fica a "700 metros da estação".

No posto de correios, a população vai poder continuar a efectuar a "cobrança de vales, incluindo o levantamento de reformas e o pagamento de facturas, assim como o envio de encomendas", deixando apenas de usufruir dos serviços de "venda de certificados de aforro, da aquisição de artigos de papelaria ou telemóveis", explicou a mesma fonte.

Em comunicado, os CTT esclarecem ainda que a "transferência de serviços", com efeitos a partir de 1 de Abril, é "consequência do sobredimensionamento da oferta dos Correios nesta área, face às necessidades, e que se concretizou numa redução em 24,6% do número de clientes que visitaram a Estação de Alcoentre entre 2008 e 2012".

Por essa razão, acrescenta a empresa, "procedeu a uma análise rigorosa, tendo em conta a necessidade de manter o acesso dos clientes ao serviço, o que está garantido".

Os CTT salientam que o impacto para a população "será nulo", dada a proximidade do posto de correios, sendo que a distribuição pelos carteiros "continuará a ser feita como habitualmente".