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Proteção individual por GPS ajudam bombeiros em Montemor-o-Velho

Empresas de base tecnológica e universidades, em parceria com a autarquia e bombeiros de Montemor-o-Velho, Coimbra, estão a desenvolver uma plataforma que permite acompanhar os operacionais no terreno e decidir, em tempo real, estratégias em situações de risco.

Proteção individual por GPS ajudam bombeiros em Montemor-o-Velho
Notícias ao Minuto

06:34 - 01/05/16 por Lusa

País Inovação

O projeto integra a captação de vídeo em tempo real, com recurso a drones e equipamentos de proteção individual, como um casaco com sistema GPS [sistema de posicionamento global] e um conjunto de sensores que registam o batimento cardíaco, a temperatura e humidade corporal do bombeiro que o utiliza.

"Este sistema que criámos permite estar em qualquer parte do mundo a monitorizar um teatro de operações. Podemos estar no terreno com um 'tablet' ou um computador portátil e, em simultâneo, na sala de comando da corporação de bombeiros a assistir exatamente ao que se está a passar", disse à agência Lusa Paulo Caridade, da Prime Layer Technologies, coordenador do projeto.

Uma das grandes vantagens da plataforma RISE - tecnologia de código aberto ('open source'), ligada ao ambiente e à proteção civil e que funciona em ambiente 'web' - e "ter um vídeo em tempo real mas dentro do vídeo ter a posição dos bombeiros", adiantou.

"Conseguimos, numa frente de fogo, ter a perceção do que é que está a acontecer e desenvolver a melhor estratégia de combate", exemplificou.

Num pequeno simulacro realizado numa encosta dos arredores de Montemor-o-Velho, a reportagem da Lusa constatou o funcionamento do sistema no terreno: um drone de um dos parceiros do projeto, a Airbone Projets, levantou voo e manteve-se estacionário a cerca de 90 metros de altura, ao mesmo tempo que captava imagens vídeo e as enviava, em direto, para um computador instalado no local numa viatura dos bombeiros, e, ao mesmo tempo, para a sala de comando dos voluntários locais, localizada a alguns quilómetros de distância.

No terreno, outra viatura dos bombeiros percorria caminhos florestais e os técnicos da plataforma Rise monitorizavam quer o percurso realizado, quer os sinais vitais dos operacionais envolvidos.

Em caso de perigo, os bombeiros podem ser retirados do combate ao incêndio, já que no equipamento de proteção individual possui um 'botão de pânico'.

"Através do GPS conseguimos perceber se o bombeiro está na vertical ou na horizontal, daí sabermos logo se alguma coisa está a correr mal. Temos a condição física do bombeiro e ele pode ser retirado [da operação] em função dos parâmetros vitais e o botão de pânico, que ele próprio pode acionar, envia um alerta para o carro que está mais próximo, para ir validar essa situação", sustenta Paulo Caridade.

A recolha dos dados vitais dos operacionais começou por ser feita com tecnologia instalada nos capacetes dos bombeiros, mas evoluiu, recentemente, para o casaco produzido pela Protactical, uma empresa de Braga que, segundo Paulo Caridade, em conjunto com a Universidade de Minho, está a desenvolver um sistema de incorporação de nanossensores em matérias têxteis, permitindo otimizar o produto e os dados que recolhe.

"Estamos a adicionar valor à nossa plataforma e pensamos que [com o casaco] a homologação será mais fácil", frisou.

A plataforma RISE integra ainda um conjunto de dados de várias fontes, desde estações hidrométricas até informação de radares e satélites meteorológicos, pluviosidade, temperatura e vento, disponibilizada pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) ou ocorrências registadas pela Proteção Civil, corporações de bombeiros e GNR.

A incorporação desta informação no software, a cargo de outra empresa, a Space Layer Technologies, permite, entre outras ações, gerar alertas à população através do envio de mensagens escritas, via telemóvel, às pessoas registadas no sistema, para que possam adotar comportamentos preventivos face a fenómenos climáticos, incêndios florestais ou inundações.

"Todas estas evoluções tecnológicas têm, para nós, algumas vantagens. Quer no que diz respeito à situação operacional nos teatros de operações, quer fundamentalmente à segurança dos combatentes e operacionais que estão no terreno", disse o comandante dos Bombeiros Voluntários de Montemor-o-Velho, Joaquim Carraco.

Já Emílio Torrão, presidente da Câmara de Montemor-o-Velho, lembrou o convite da autarquia e o protocolo assinado com a Universidade de Coimbra e a Prime Layer Technologies para desenvolvimento da plataforma RISE, afirmando que o executivo autárquico que lidera "decidiu apostar decididamente em tecnologia de ponta e fazer inovação pura e dura, para monitorizar o risco tanto de inundação como de incêndio".

"Hoje estamos a desenvolver com estas empresas um conjunto de projetos de alta inovação, alguns pioneiros até, se calhar, a nível mundial, e nessa perspetiva é um orgulho que temos", declarou.

Em desenvolvimento, para estar concluído em 2017, está um módulo de inteligência artificial, que permitirá que a plataforma possa gerir um sistema de alertas e mesmo despachar meios para um teatro de operações, sem intervenção humana.

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