"Ando de metro e passo naquelas estações. É um bocadinho assustador"
Residente em Bruxelas desde setembro, Maria Luísa Rodrigues tinha decidido que hoje iria trabalhar mais tarde porque era o aniversário do filho e estava à porta de casa quando ouviu as explosões no aeroporto e o som de sirenes.
© Reuters
País Bruxelas
Já não saiu de casa, no bairro de Kraainem, entre o aeroporto e o hospital, "para onde estão a ser transportados os feridos", contou à Lusa a funcionária da Representação Permanente de Portugal junto da União Europeia (REPER).
Todos os dias apanha o metropolitano e passa na estação de Maelbeek que, segundo o último balanço provisório, foi hoje palco de um atentado à bomba que provocou 20 mortos e mais de 130 feridos.
"São sítios onde passo todos os dias. Vou diariamente de metro e passo naquelas estações todos os dias. É um bocadinho assustador", contou à Lusa.
Hoje, porque o filho mais novo faz 12 anos e está de férias da Páscoa, Maria Luísa Rodrigues decidiu que ia trabalhar mais tarde para poder estar com ele quando acordasse.
Maria estava a sair de casa quando se deu uma das explosões. "Ouvi um estrondo e só percebi que era algo grave quando comecei a ouvir as sirenes a passar", recorda, contando que a sua primeira preocupação foi avisar a mãe e a filha mais velha, de 16 anos, que tinha ido passar as férias da Páscoa a Lisboa.
"Foi para elas que mandei a primeira mensagem a avisar que estava tudo bem. Que estávamos todos em casa e em segurança".
Depois, começou a pensar nos colegas de trabalho e, em especial, nos que tinham vindo de Lisboa para reuniões e que, por isso, não tinham casa nem nenhum outro porto de abrigo.
"Quem cá está tem casa, tem carro, mas os outros não. A minha primeira preocupação foi perceber quem estava cá nessas circunstâncias. Se estavam bem, se precisavam de alguma coisa", disse, explicando que passou toda a manhã em contactos.
Quando a situação começou a acalmar, o marido foi dar uma volta de bicicleta para perceber o que se passava: "Ele diz que a situação aqui no bairro está relativamente calma, à exceção do hospital onde está o caos", recordou.
A família Rodrigues vive precisamente entre o aeroporto e o hospital para onde estão a ser transportadas vítimas dos atentados de hoje de manhã no aeroporto e na estação de metro, que provocaram pelo menos 34 mortos e 187 feridos, segundo o último balanço provisório das autoridades.
"O que pensamos nestas alturas é que o que é importante é que estamos todos bem, todos juntos e em segurança", desabafou Maria Luísa Rodrigues.
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