Em Alfarelos, a voz gravada da CP "está cansadinha" de tantas desculpas

As cheias no Baixo Mondego levaram ao corte de estradas, vários campos agrícolas ficaram alagados e na estação de Alfarelos, concelho de Soure, a voz gravada da CP está "cansadinha" de pedir de tantas desculpas.

Notícia

© GlobalImagens

Lusa
14/02/2016 21:15 ‧ 14/02/2016 por Lusa

País

Cheias

Às portas da cidade de Coimbra, quase só se via água hoje à tarde na planície aluvial que acompanha o Mondego até à Figueira da Foz, onde desagua, com o rio a invadir campos agrícolas e a inundar estradas.

Em Alfarelos, um funcionário da CP, que trabalha naquela estação há cerca de 30 anos, diz à agência Lusa que não via umas cheias "assim" desde 2001. No entanto, na altura, foram mais de 600 metros de linha ferroviária que ficaram submersos, recorda.

Passou o dia a responder a perguntas de passageiros e a prestar informações de pessoas que queriam trocar os bilhetes ou o reembolso de títulos comprados, face à interrupção da circulação entre Coimbra B e Pombal.

Na estação, vai-se ouvindo a "Marta", nome dado pelo funcionário à voz gravada da CP que normalmente anuncia atrasos, chegadas e partidas. Desde as 14:00 de sábado "que está nisto" - a pedir desculpa "pelos incómodos causados".

"Chega ao fim do dia cansadinha, coitada", consta o funcionário, rindo-se.

Circular de carro entre Coimbra, Soure e Montemor-o-Velho, também se revela hoje uma tarefa difícil, repleta de inversões de marcha e desvios, devido ao elevado número de estradas cortadas - o Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS) de Coimbra aponta para cerca de 30 vias interditas à circulação.

Maria Ângelo, de 54 anos, que "só em 2001" é que viu algo igual, ajudava hoje à tarde a dar indicações aos automobilistas na pequena localidade de Ribeira da Mata, ao pé de mais uma estrada cortada. "Estou quase a funcionar como guia", admitiu.

Joaquim Redondo, de 67 anos, morador na mesma aldeia, tem a água perto da sua casa, mas sem ameaçar entrar, como lhe aconteceu em 2001. Pior sorte teve uma vizinha sua que viu a casa inundada.

"A gente ainda ajudou e tentou salvar algumas coisas, mas tem lá um prejuízo valente", afirmou.

Apesar de ter dois ou três campos de cultivo alagados, a preocupação de Joaquim não é muita. "Só para março é que é a sementeira", aclara.

Em Montemor-o-Velho, a abertura de um dique desfez parte de uma estrada agrícola, sendo possível ver a água a invadir os campos, de forma a aliviar o leito do rio Mondego.

De acordo com fonte do CDOS, apesar das estradas cortadas, "não há populações isoladas".

Durante sábado e hoje, o mau tempo fez-se sentir na zona da bacia do Mondego, com Coimbra a ser uma das áreas mais afetadas, com o Mosteiro de Santa Clara-a-Velha a ser de novo inundado pelas águas do Mondego, que submergiram também as esplanadas do Parque Verde e ameaçaram a localidade de Cabouco, nas margens do rio Ceira.

Partilhe a notícia

Escolha do ocnsumidor 2025

Descarregue a nossa App gratuita

Nono ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.

* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com
App androidApp iOS

Recomendados para si

Leia também

Últimas notícias


Newsletter

Receba os principais destaques todos os dias no seu email.

Mais lidas