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Ministério Público pede condenação de Manuel Godinho por corrupção

O Ministério Público (MP) pediu hoje, no Tribunal de Aveiro, a condenação do sucateiro Manuel Godinho e outros dois arguidos por um crime de corrupção, num processo que resultou de uma certidão extraída do caso "Face Oculta".

Ministério Público pede condenação de Manuel Godinho por corrupção
Notícias ao Minuto

12:50 - 25/01/16 por Lusa

País Face Oculta

O julgamento é uma repetição e diz respeito a factos que remontam a 2009, quando Manuel Godinho terá mandado a sua então secretária pessoal entregar 2.500 euros a um vigilante da natureza da Administração da Região Hidrográfica do Centro, para evitar a fiscalização de uma extração ilegal de areias na Quinta dos Ananases, em Ovar.

Nas alegações finais, o procurador da República, Carlos Filipe, disse ter ficado provado que o vigilante da natureza, a troco de promessas patrimoniais ou não patrimoniais, informou Manuel Godinho das ações de fiscalização promovidas pela Administração da Região Hidrográfica do Centro das quais poderia ser alvo a atividade das empresas por si administradas.

"Dúvidas não nos assaltam de que se mostram preenchidos os elementos típicos objetivos e subjetivos dos tipos legais de crime por corrupção passiva e ativa pelos quais os arguidos se acham acusados", disse.

O procurador defendeu ainda a perda a favor do Estado dos 2.500 euros alegadamente recebidos pelo vigilante da natureza.

Do lado da defesa, o advogado de Manuel Godinho, o qual não compareceu na audiência por motivos de saúde, disse ter ficado com dúvidas quanto à localização exata da Quinta dos Ananases, uma questão que considerou "essencial" para este processo.

Artur Marques, que também defende a então secretária pessoal do sucateiro, considerou que a acusação do MP não passa de "pura especulação" e um "devaneio total", alegando que a ação de fiscalização de que se fala no processo "não tem rigorosamente nada a ver com as empresas de Manuel Godinho".

"A luta pela condenação destes arguidos, que já foram absolvidos uma vez, é uma luta inglória que esbarra na total ausência de prova", disse o causídico, pedindo a absolvição dos seus clientes.

O advogado do vigilante da natureza realçou, por seu lado, que este "não tinha competência para fiscalizar a extração de inertes".

"Parece-nos um ato impossível tentar corromper alguém para não pratique um ato para o qual não tem competências para o fazer", frisou o causídico, pedindo igualmente a absolvição do seu cliente.

Durante o julgamento, os três arguidos remeteram-se ao silêncio.

A leitura do acórdão ficou marcada para 26 de fevereiro, pelas 14:00.

Em dezembro de 2013, os três arguidos foram absolvidos da prática de um crime de corrupção porque, segundo o coletivo de juízes, não se provou a tese de que a ação fiscalizadora tenha sido ordenada, mas não efetuada, a troco de dinheiro.

Inconformado com a decisão, o Ministério Público recorreu para o Tribunal da Relação do Porto que mandou repetir o julgamento, considerando que a prova produzida e examinada durante o julgamento "impõe conclusão diversa" do acórdão recorrido.

Em setembro de 2014, Manuel Godinho foi condenado no âmbito do processo "Face Oculta" a uma pena única de 17 anos e meio de prisão, em cúmulo jurídico, por 49 crimes de associação criminosa, corrupção, tráfico de influência, furto qualificado, burla, falsificação e perturbação de arrematação pública.

Mais recentemente, no passado mês de novembro, foi condenado a mais dois anos e meio de prisão efetiva, por subornar um ex-funcionário da antiga Rede Ferroviária Nacional (Refer), também condenado no mesmo processo.

O empresário de Ovar aguarda em liberdade o desfecho dos recursos dos dois acórdãos interpostos pela sua defesa.

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