PCP mostra-se preocupado com situação laboral do porto de Lisboa
O PCP na Câmara de Lisboa solicitou hoje a intervenção do Governo e da autarquia sobre a situação laboral no porto da cidade, afirmando ter uma "grande preocupação" com as condições de trabalho dos estivadores.
© Dinheiro Vivo
País Estivadores
"Da parte do Governo [PS], tem de haver essa intervenção, não apenas para esclarecer os aspetos relacionados com o funcionamento da empresa de trabalho do Porto de Lisboa", mas também para "reverter este negócio [de venda de concessões do Porto de Lisboa] e recuperar o controlo sobre o que é um setor estratégico para o desenvolvimento do país", afirmou o vereador comunista João Ferreira, que falava aos jornalistas após uma reunião com o Sindicato dos Estivadores, em Lisboa.
O grupo Mota Engil e o Novo Banco venderam a uma multinacional turca - Yildirim - a operação portuária e de logística da Mota-Engil, incluindo a maioria das concessões do Porto de Lisboa.
Apontando as "práticas laborais deploráveis" da multinacional, João Ferreira mostrou-se contra a "tentativa de forçar um aumento da precariedade no Porto de Lisboa e de reduzir salários".
Como esta "é uma atividade estratégica para a cidade", o autarca defendeu também que a Câmara "deve acompanhar a evolução desta situação".
Em meados de outubro do ano passado, o executivo municipal aprovou, por maioria, uma moção apresentada pelo PCP para demonstrar "solidariedade para com os trabalhadores portuários" e solicitar um novo contrato coletivo de trabalho para os estivadores.
Segundo João Ferreira, o partido tem "uma grande preocupação relativamente ao que tem sido a atitude das associações patronais do Porto de Lisboa".
Posição semelhante tem um o presidente do Sindicato dos Estivadores, António Mariano, que recusa "salários de 500 euros e precariedade", razão pela qual quer um novo contrato coletivo de trabalho.
As negociações de um novo contrato coletivo de trabalho para o Porto de Lisboa estão interrompidas desde março do ano passado, tendo-se entretanto antagonizado ainda mais a relação entre operadores e estivadores.
A 14 de novembro, o Sindicato dos Estivadores iniciou um período de greve que se estenderá pelo menos até 31 de janeiro, mas que só é ativado se as entidades empregadoras contratarem funcionários que não integrem o contingente efetivo.
António Mariano salientou que "os estivadores não deixaram de trabalhar um dia em Lisboa", apesar de terem salários em atraso, e justificou a paragem do movimento de cargas de navios na capital com deliberações das entidades patronais.
Paralelamente, as empresas Maersk e Hapag-Lloyd, duas das maiores do setor, suspenderam a operação do porto de Lisboa, transferindo as atividades para Sines e Leixões.
No final de dezembro, patrões e trabalhadores disponibilizaram-se para voltar a negociar um novo contrato coletivo de trabalho, tendo definido o prazo de um mês para as primeiras conclusões.
Segundo António Mariano, o sindicato já disponibilizou cinco datas para realizar a primeira reunião, mas ainda nenhuma ficou definida.
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