"O dinheiro de Santos Silva não é meu. Ponto final"
José Sócrates alega ter sido alvo de “imputações genéricas” por parte do Ministério Público.
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País José Sócrates
A TVI emite, no ‘Jornal das 8’, a continuação da entrevista dada esta segunda-feira por José Sócrates. Na antena da estação de Queluz, o antigo primeiro-ministro começa por acusar o Ministério Público de fazer “imputações genéricas” ao acusá-lo de corrupção devido ao telefonema que fez ao vice-presidente de Angola a propósito do Grupo Lena.
“Estava a passar férias com o meu amigo Santos Silva, como passo há 20 anos, e ele pediu-me para marcar uma audiência. Fi-lo como fiz para muitas empresas. Fiz isso porque achei que era até o meu dever”, defendeu-se o arguido da Operação Marquês, referindo-se às acusações com que foi confrontado.
Outra das suspeitas que recaem sobre José Sócrates incide sobre o seu papel no desenvolvimento do empreendimento Vale do Lobo.
A imputação de que “o PROTAL beneficiava o Vale do Lobo” foi-lhe comunicada no segundo interrogatório. A este respeito, Sócrates reitera que a acusação “não tem o mínimo de fundamento” e alega que o procurador não estava informado relativamente ao que é, efetivamente, o Plano Regional de Ordenamento do Território do Algarve.
Diz ainda que “não conhecia os acionistas” do empreendimento e que, no que toca à operação de financiamento por parte da Caixa Geral de Depósitos (CGD) - de que Armando Vara era administrador -, tudo não passa de um “método sórdido” para o “envolverem à força seja no que for”.
“O Armando Vara é meu amigo, acredito na inocência dele”, afirma o ex-governante, que partiu assim para a explicação da relação que mantém com Carlos Santos Silva, fulcral na investigação devido às duas contas que este tinha na Suíça, com 23 milhões de euros que a acusação acredita serem de José Sócrates.
“Eu conheço o engenheiro Carlos Santos Silva desde a minha juventude. Somos amigos há 40 anos. Ele é o meu melhor amigo fora da política. É uma pessoa honesta, decente, bondosa e um grande empresário”, vaticinou, frisando que “se ele tinha dinheiro na Suíça, isso é com ele”.
“Disseram que o dinheiro que o meu amigo tinha na Suíça era meu. Mas em nenhum documento dessas contas eu apareço. Esse dinheiro não é meu. Ponto final”, reiterou, assertivamente.
Para o ex-primeiro-ministro socialista, “não passa pela cabeça de ninguém” que tivesse uma “fortuna escondida” e não tivesse nenhum documento que o comprovasse e lhe permitisse mexer no dinheiro. A isto soma-se a estranheza de ter pedido, “no mesmo ano [2014], três empréstimos à CGD”.
O que o Ministério Público lhe deve, no seu ponto de vista, é um pedido de “desculpa”, dado que não se encontrou “fundamento” nas acusações.
Entrevistado pela TVI, Sócrates deixou a garantia de que “não sabia” que Santos Silva tinha repatriado o dinheiro para Portugal beneficiando de um regime extraordinário de regularização tributária.
Já em relação às suspeitas sobre a propriedade do apartamento em que residiu em Paris, o arguido admitiu ter-se tratado de um empréstimo e disse ser “ridícula” a convicção de que terá mudado de casa “para disfarçar”.
“Vivi no primeiro ano num apartamento alugado, no segundo estive nove meses num apartamento de Santos Silva, que ele teve a gentileza de me emprestar antes de começarem as obras. Depois aluguei outro. Se o apartamento fosse meu, teria eu alugado outro no início de 2014?”, questionou.
Findo o processo, caso não seja deduzida acusação, José Sócrates admite “agir contra o Estado português”. Quando questionado pelo jornalista José Alberto Carvalho, reforça porém que “ainda não chegou esse momento”.
[Notícia atualizada às 21h20]
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