O livro, publicado originalmente em 1971, conta a história de uma família judia que se vê forçada a abandonar a Alemanha em 1933, na véspera das eleições que deram a vitória a Adolf Hitler. A narrativa acompanha o percurso desta família de refugiados, que passou pela Suíça e por França até se fixar em Inglaterra.
‘Quando Hitler roubou o coelho cor-de-rosa’ faz várias ligações à biografia da autora Judith Kerr, que nasceu em Berlim e se naturalizou cidadã britânica. Tem atualmente 92 anos e é autora de vários livros para crianças e jovens.
Depois de uma primeira edição portuguesa nos anos 1990, o livro tem uma nova tradução, da escritora Carla Maia de Almeida, que assina o prefácio: "Não sei em que dia vais começar a ler este livro, mas, quando o traduzi do inglês, no verão de 2015, a Europa estava a braços com a maior vaga de refugiados deste o tempo da Segunda Guerra Mundial, quando o regime nazi arrancou milhões de pessoas das suas casas, judeus e não só".
Judith Kerr publicou este livro quando já tinha quase 50 anos, pouco depois de ter escrito o álbum ilustrado ‘O tigre que veio tomar chá’, um dos seus maiores sucessos literários.
Além de ‘Quando o Hitler roubou o coelho cor-de-rosa’, Judith Kerr publicou dois outros livros semi-biográficos e inspirados nesse passado familiar e no período da segunda Guerra Mundial: ‘Bombs on aunt Dainty’ (1975) e ‘A small person far away’ (1987).
Judith Kerr viveu essa experiência de refugiada na infância, embora tenha admitido em entrevistas que, protegida pelos pais, não se apercebeu completamente dos perigos que passou por ser judia.
O livro relata toda a travessia da família do ponto de vista de Anna, uma menina de nove anos que tenta perceber por que razão não pode continuar em Berlim e que um dia desejou ser tão famosa como o pai.
Atualmente a viver em Londres, Judith Kerr nasceu em Berlim em 1923, filha de Alfred Kerr, um ensaísta alemão, que se viu obrigado a sair da Alemanha por ser ter criticado o regime nazi, que chegou a queimar muitos dos seus livros.
Fixou-se com a família em 1936 em Londres, onde Judith Kerr ainda hoje vive.
Antes de se dedicar por completo à escrita, Judith Kerr chegou a trabalhar na Cruz Vermelha e foi argumentista para a BBC.
A estreia literária deu-se em 1968, com ‘O tigre que veio tomar chá’, a partir de uma história que contou à filha depois de uma visita a um jardim zoológico. É considerado um clássico da literatura para a infância e está publicado em Portugal.
É autora de mais de vinte livros para os mais novos, entre os quais se destaca a série ‘Mog’, muito conhecida no Reino Unido, mas inédita em Portugal.
Apesar dos 92 anos, Judith Kerr mantém-se ativa, na escrita e na ilustração. O mais recente livro, ‘Mr. Cleghorn's Seal’, inspirado em factos reais, foi publicado em setembro passado.