Bento XVI quebrou tabu de Papa intocável e eterno, defende José Policarpo
A resignação de Bento XVI quebrou "o tabu de que o Papa era intocável" e eterno na função, considerou esta terça-feira o cardeal patriarca de Lisboa, José Policarpo, que entende que a decisão "faz História" ao abrir um precedente para os seus sucessores.
© Lusa
País Cardeal
Na conferência de imprensa desta manhã no Seminário dos Olivais, em Lisboa, José Policarpo admitiu que foi "apanhado de surpresa" com a resignação de Bento XVI, mas disse que compreendia o silêncio do Papa até ao anúncio como garantia para "levar até ao fim a sua decisão".
"É uma decisão de grande lucidez, de grande generosidade e que faz História", sublinhou o cardeal patriarca.
Para José Policarpo, ele próprio candidato a sucessor de Bento XVI pela condição de cardeal, acredita que com esta decisão o Papa humanizou a função, ao admitir que "quando as pessoas não estão capazes de exercer o seu ministério devem abdicar".
"A partir desse momento, embora pense que não se farão regras, porque é difícil fazer regras para o supremo legislador, mas se os futuros Papas estiverem na circunstância de ter de tomar essa decisão estarão muito mais livres e será muito mais normal tomá-la depois deste gesto histórico de Bento XVI", declarou o cardeal.
José Policarpo disse ainda desconhecer que outras "razões profundas" possam ter levado à resignação de Bento XVI.
"Penso que para além desta razão que é óbvia, lógica e visível [a debilidade física], as razões profundas, ou seja, em que ponto é que Bento XVI sentiu que já não era capaz, isso só ele o sabe. Não sei se o vai dizer, se não vai, mas só ele o sabe, quais foram os aspectos da vida da Igreja e da vida da sociedade que o fizeram sentir que já não era capaz", afirmou.
Questionado sobre se tem conhecimento de qualquer problema de memória do Papa, José Policarpo respondeu: "Desconheço, ele até nos trata a todos pelo nome".
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