O facto de o subsídio do Estado destinado a crianças com necessidades educativas especiais ter passado a ser pago diretamente aos pais está a dar azo a desvios de fundos.
Um quarto das famílias fica com o dinheiro dos apoios em vez de o transferir aos terapeutas e técnicos que estão a acompanhar os seus filhos, denuncia o psicólogo Nuno Consciência, em declarações ao jornal i.
As motivações desta apropriação tem, na opinião do também responsável por uma equipa de terapeutas, podem ter duas origens distintas. Os pais veem uma oportunidade de se aproveitar do sistema ou estão numa situação desesperada, com dívidas, que resolvem recorrendo ao apoio que devia ser destinado aos filhos.
Para a terapeuta Marta Santos há outra explicação: "Famílias problemáticas, que têm grandes défices cognitivos, que não têm base de gestão”, levadas ao “deslumbramento” quando recebem o dinheiro, acabando por gastá-lo em benefício próprio.
É comum receber crianças cujos pais não lhe transferiram qualquer pagamento pelo serviço prestado que exibem novos telemóveis e tablets ou falam das férias que fizeram, disse.