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Metade das entidades gestoras públicas dizem que cortes de água aumentaram

Mais de 50% das entidades gestoras de serviços de abastecimento de água referem que o número de cortes de água aumentou, conclui um estudo do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, que inquiriu 167 entidades gestoras.

Metade das entidades gestoras públicas dizem que cortes de água aumentaram
Notícias ao Minuto

16:57 - 27/05/15 por Lusa

País Abastecimento

Os cortes no abastecimento de água notaram-se mais nas entidades de capital público, com 53% a referir que estes aumentaram, 40% dizem que se "manteve" e apenas 07% informa que os cortes efetuados diminuíram, refere um estudo exploratório do Centro de Estudos Sociais (CES), a que a agência Lusa teve acesso.

O estudo, que obteve respostas de 167 das 287 entidades gestoras públicas e privadas, sugere que o aumento do número de cortes no setor público deve-se à adoção de "uma estratégia comercial", preconizada pela alteração da Lei da Água e por uma diretiva da UE, que "requeria que houvesse uma lógica comercial nas entidades gestoras de Portugal", explanou a coordenadora do projeto, Paula Lopes.

"Como a maior parte das entidades são de caráter municipal, esta lógica [comercial] é um pouco nova", visto que antes não cortavam a água, por se entender que "este era um serviço público e, se houvesse prejuízo, a Câmara deveria suportá-lo", disse à Lusa Paula Lopes, sublinhando que a aplicação desta lógica, "desde 2009", levou a um impacto no aumento de cortes.

Segundo o estudo, 27% das entidades gestoras de capital privado referem que os cortes aumentaram, 36,5% diz que se mantiveram e 36,5% informa que diminuíram.

Nos avisos de corte, as percentagens já são semelhantes entre entidades públicas e privadas, com 65% e 64% respetivamente a afirmar que o número de avisos de corte aumentou.

Uma das recomendações da investigadora responsável pelo projeto, intitulado "PPÁgua Respostas públicas e privadas à falta de pagamento dos serviços de abastecimento de água", é a necessidade de se "abrandar" com a exigência da adoção de uma estratégia comercial, devido ao contexto de crise.

A investigação recomenda também que seja assegurado o princípio da universalidade do acesso à água e que o Estado garanta "a promoção, proteção e garantia do acesso à água por parte dos utilizadores domésticos".

Relativamente às tarifas sociais, a investigadora do CES sublinha que "quase todas as entidades" integram esse mecanismo, mas "muitas das pessoas não se consegue qualificar para ter acesso" a essas mesmas tarifas, sendo que os números de utentes beneficiários das tarifas sociais, quer em entidades públicas quer em privadas, "são residuais".

Este estudo do CES, que envolveu inquéritos a 167 entidades e reuniões com 43, foi um trabalho "exploratório", tendo já pedido à Fundação para a Ciência e Tecnologia para "aprofundar o tema".

Paula Lopes explicou que se optou pelo inquérito por "muitas das entidades não terem os dados", relativamente ao número de cortes e de avisos de cortes, pretendendo que a continuação da investigação englobe não apenas Portugal, mas um estudo comparativo com dados da Irlanda e da Grécia.

Os resultados do projeto são apresentados na quinta-feira, pelas 15:00, no Anfiteatro 1.2. da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra.

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