Ano Europeu para o Desenvolvimento apresentado hoje
O projeto português do Ano Europeu para o Desenvolvimento foi hoje apresentado nos Paços do Concelho do Porto, numa cerimónia em que a tónica dos discursos se centrou numa necessidade de abertura à sociedade civil.
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País Eventos
A coordenação do programa português está a cargo do Camões - Instituto da Cooperação e da Língua, cuja presidente, Ana Paula Laborinho, apelou, em discurso, à "abertura a todos os cidadãos" do programa comunitário que visa a redução e, a longo prazo, a erradicação da pobreza a nível mundial, de acordo com o Jornal Oficial da União Europeia.
A cerimónia contou ainda com a participação do antigo Presidente da República Jorge Sampaio, que frisou "a necessidade de perseguir os objetivos que ainda não foram alcançados", em referência ao fim do prazo estabelecido para os Objetivos de Desenvolvimento do Milénio, acordados no ano 2000 pela Organização das Nações Unidas (ONU) e com metas definidas para 2015.
Também na qualidade de enviado especial das Nações Unidas na luta contra a tuberculose, Jorge Sampaio recordou que em setembro "se adotará uma nova agenda para o desenvolvimento sustentável para os próximos 15 anos" e referiu que "não vale a pena acordar numa agenda ambiciosa, que não esteja assente nos recursos disponíveis", indicando o surto de Ébola de 2014 como exemplo.
"Basta lembrar o que foi a aparição quase súbita da grande crise do Ébola para se perceber o que falta, ou faltou, na resposta adequada de agências responsáveis à escala internacional", recordou Jorge Sampaio, apontando a importância de "mobilizar a sociedade civil portuguesa para a nova agenda" do desenvolvimento sustentável até 2030.
O antigo Presidente da República referiu ainda os dados do Eurobarómetro lançados em janeiro deste ano referentes à "opinião dos cidadãos antes do Ano Europeu para o Desenvolvimento", que, acrescentou, mostraram "a enorme disponibilidade que os portugueses revelam para fazer mais" no que a questões de ajuda humanitária diz respeito.
Também a presidente do Camões - Instituto da Cooperação e da Língua fez questão de frisar que o Ano Europeu para o Desenvolvimento "é de todos", considerando fundamental que "todos nele participem".
"É neste quadro que importa reforçar a missão de conferir visibilidade ao projeto", asseverou Ana Paula Laborinho, afirmando que "esse trabalho é levado a cabo não só pelo Estado, mas pela sociedade civil e pelo setor privado".
Para o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, a "honra" de albergar o arranque do Ano Europeu para o Desenvolvimento prendeu-se ainda com a "questão ideológica" da iniciativa, que visará "outros valores para além do sacrossanto PIB [Produto Interno Bruto]".
Segundo o autarca, os objetivos do apoio ao desenvolvimento internacional e de questões humanitárias constituem iniciativas políticas que devem "prevalecer sobre a técnica e sobre os técnicos".
"Hoje, de forma inaceitável, alguns técnicos ou agentes internacionais acham-se, relativamente aos agentes políticos, mais competentes e autorizados para interpretar e - porque não? - definir o interesse público", observou Rui Moreira, considerando tratar-se de "uma reivindicação profundamente antidemocrática, disfarçada nas vestes enganadoras da competência e eficiência".
O intuito de sublevar o propósito da divulgação do Ano Europeu para o Desenvolvimento está expresso no programa de atividades do Instituto Camões para 2015, que inclui campanhas de comunicação, exposições de rua itinerantes, prémios de jornalismo e investigação dedicados ao tema e conferências várias.
A campanha deverá tirar ainda partido da visibilidade da embaixadora convidada para dar a cara ao projeto, a atriz Cláudia Semedo.
O secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação, Luís Campos Ferreira, também presente na cerimónia, vai contribuir nesse esforço ao nível da União Europeia para "explicar aos cidadãos europeus como funciona a ajuda ao desenvolvimento".
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