Marcelo Rebelo de Sousa fez esta analise no discurso que proferiu na sessão de abertura da conferência comemorativa dos 50 anos do IDL - Instituto Amaro da Costa, no Teatro Thalia, em Lisboa.
Tendo a ouvi-lo, entre outras personalidades, o atual presidente do CDS e ministro da Defesa, Nuno Melo, e a titular da pasta da Justiça, Rita Alarcão Júdice, em representação do primeiro-ministro, Luís Montenegro, o chefe de Estado destacou as qualidades políticas do seu amigo Adelino Amaro da Costa.
"Ele foi das personalidades mais brilhantes da democracia portuguesa. Para mim, foi o melhor parlamentar de sempre da democracia portuguesa", sustentou Marcelo Rebelo de Sousa.
Para o Presidente da República, o fundador do CDS -- partido que estava na sessão representado por antigos líderes como Manuel Monteiro (também presidente do IDL) e Ribeiro e Castro, assim como líder parlamentar, Paulo Núncio -- "era um homem de uma cultura invulgar, de uma oratória poderosíssima, com uma capacidade escrita inverosímil".
"Em qualquer lugar, em qualquer momento, instantaneamente, escrevia. Com uma letra pequenina, perfeita, regular, de uma imaginação, de uma criatividade e de uma curiosidade", disse.
Perante figuras socialistas como João Soares e Sérgio Sousa Pinto, ou do Chega, como André Ventura e Diogo Pacheco Amorim, que estava no Teatro Thalia na qualidade de vice-presidente da Assembleia da República, Marcelo Rebelo de Sousa falou também na componente mais solitária de Amaro da Costa.
"Muitas vezes, aparecia em casa dos amigos. Telefonava de um momento para o outro e perguntava: Posso ir jantar? Posso. E, portanto, aparecia para jantar. E depois ficava a jantar e ficava a noite fora", contou.
"Era uma força da natureza e sempre preocupado com a componente pedagógica", completou o Presidente da República, antes de se referir à morte de Adelino Amaro da Costa, no acidente de Camarate, que também vitimou Francisco Sá Carneiro, em 04 de dezembro de 1980.
Partiu muito cedo. Há quem diga que são os preferidos dos deuses aqueles que partem primeiro.
"Não sei se será assim, mas para os mais providencialistas há qualquer coisa que nos leva a acreditar que nem ele, nem Francisco Sá Carneiro, terminariam os seus dias de pantufas, sentados a ver a televisão ou a dialogar nas redes sociais, achando que era uma boa forma de fim de carreira. Nem um nem o outro se reformariam", disse.
Para Marcelo Rebelo de Sousa, Sá Carneiro e Amaro da Costa "partiram cedo o suficiente para deixarem uma memória, uma saudade e uma afirmação icónica incompatível com esse termo tão banal, tão pacato e tão pouco imaginativo que seria outro que não o heroico que tiveram".
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