A Associação de Beneficiários do Roxo (ABR) contabilizou "à volta de 200 peixes mortos, sobretudo carpas e pimpões", nesta albufeira do distrito de Beja, tendo começado, na quinta-feira, a recolhê-los, disse hoje à agência Lusa o presidente desta entidade, António Parreira.
"Tivemos conhecimento desta situação, na tarde de terça-feira, e já começámos a retirar os peixes, que se encontram junto da margem", acrescentou o mesmo responsável.
Segundo António Parreira, foram encontrados peixes mortos "em dois locais, num regolfo junto à Mina da Juliana [no concelho de Beja] e junto ao paredão da barragem [no concelho de Aljustrel], onde a albufeira até tem maior profundidade".
A situação foi denunciada à Lusa por Sónia Sacramento, que reside em Ervidel, concelho de Aljustrel, localidade situada a poucos quilómetros da barragem do Roxo.
Segundo esta cidadã, num passeio no último sábado para a observação de aves migratórias, acabou pode detetar "uma grande quantidade de peixes mortos, na sua maioria pimpões", numa zona da albufeira.
Sónia Sacramento acrescentou que outros cidadãos também descobriram peixes mortos "em mais do que um local" da albufeira, nomeadamente nas proximidades da localidade de Mina da Juliana.
O presidente da ABR, com sede em São João de Negrilhos (Aljustrel) e responsável pela gestão da barragem, esclareceu à Lusa que a entidade fez "o que tinha que fazer", ou seja, "comunicou o sucedido às autoridades e está à retirar os peixes".
"Comunicámos o que estava a acontecer ao SEPNA [Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente da GNR] e ao ICNF [Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas]. Mais não podemos fazer", argumentou.
António Parreira frisou ser "prematuro avançar com uma potencial causa" para a mortandade piscícola, mas também realçou que isso cabe "às autoridades competentes", que já "recolheram amostras dos peixes mortos para a realização de análises".
"Não fazemos a mínima ideia das causas", mas a quantidade de peixes mortos, por agora, "não tem grande expressão, porque a albufeira tem uma massa piscícola muito grande".
E a morte não estará ligada a poluição, porque "os peixes mortos apareceram em dois pontos distintos da albufeira", admitiu, insistindo que "o resto cabe às agências do ambiente fazerem o seu trabalho e apurarem".
António Parreira indicou ainda à Lusa que a albufeira está com "35 milhões de metros cúbicos de água, correspondendo à volta de 35% do volume de armazenamento", o que "é bom" porque a associação "costuma acabar as campanhas de rega com cerca de 12 milhões de metros cúbicos" armazenados na barragem.
"Isto quer dizer que, mesmo que não chova nos próximos meses, temos água para mais um ano de rega, o que não é normal garantir no Roxo", acrescentou.
Fonte do Comando Territorial de Beja da GNR indicou hoje à Lusa que, no domingo, a Guarda recebeu o alerta sobre "o aparecimento de espécies mortas" na superfície da albufeira, numa das margens na zona de Mina da Juliana.
"Militares do SEPNA deslocaram-se ao local, não só nesse dia, para constataram a existência de peixes mortos, mas também hoje de manhã", para poderem "fazer um relatório de serviço", disse a fonte, que esclareceu que a GNR contactou a Administração da Região Hidrográfica (ARH) do Alentejo "para fazer a recolha dos peixes".
Segundo a GNR, caberá ao ICNF e à Agência Portuguesa do Ambiente (APA) "determinarem as causas [da mortandade] e investigarem".
A Lusa também questionou, por correio eletrónico, a ARH do Alentejo/APA sobre esta matéria, mas não obteve resposta até ao início da noite de hoje.
Inaugurada em 1967, a barragem do Roxo garante o abastecimento público aos concelhos de Beja e Aljustrel, além de fornecer água para um perímetro de rega agrícola que abrange mais de 8.500 hectares.
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