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Especialista alerta para risco de perda de qualidade nas USF modelo C

O presidente da Associação Nacional das Unidades de Saúde Familiares (USF-AN) alertou hoje para o risco de as USF C, geridas por privados, servirem para grupos internacionais entrarem em Portugal, com risco de perda de qualidade de cuidados.

Especialista alerta para risco de perda de qualidade nas USF modelo C

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Lusa
17/10/2025 06:43 ‧ há 7 horas por Lusa

País

Saúde

"A informação que nós tivemos é que aquilo que o Estado estava a oferecer não chegava para realmente terem a margem de lucro que queriam", disse à Lusa André Biscaia, sublinhando que estas unidades servem para que os grupos internacionais na área da saúde possam entrar no mercado em Portugal.

 

Dando o exemplo das Parcerias Público Privadas - que diz não terem sido tão lucrativas como se pensa pois parte das consultas nem foram remuneradas - afirmou: " O governo muda, as prioridades mudam e eles ficam com o projeto, sem atualização de vencimento, sem a atualização da parte remuneratória".

"O perigo é que vai haver alguém que vai aceitar e vai aceitar por um valor não lhe permite ter margem de lucro e, depois, o que é que vai fazer a seguir? Foi o que aconteceu no Reino Unido: vai começar a cortar na qualidade", alertou.

O responsável deu o exemplo de um estudo publicado na Lancet que envolveu a análise de unidades de saúde no Reino Unido, à semelhança das USF de modelo C que o Governo pretende criar.

"Os médicos de família são muito caros e então arranjaram uma profissão que é 'physicians assistant' [assistente médico] , com dois anos de formação e pensados para ajudar os médicos de família", explicou, acrescentando: "Primeiro faziam a triagem, aplicavam questionários, tudo isso. Depois, começaram a dar consulta e, de repente, estavam a dar alta às pessoas. E aumentou a mortalidade tratável".

O especialista explicou que a mortalidade tratável "está diretamente relacionada com os cuidados prestados", sublinhando: "se a qualidade [dos cuidados] fosse boa aquelas pessoas não morriam".

"E o perigo é este: esmagar os preços, haver alguém que aceita e depois começa a cortar na qualidade. É este é o grande perigo", alertou.

O Governo aprovou em setembro de 2024 o decreto-lei que cria os centros de saúde geridos pelos setores privado e social e pelas autarquias. Estavam previstos, numa primeira fase, 10 em Lisboa e Vale do Tejo, cinco em Leiria e cinco no Algarve.

O plano do executivo para a Saúde previa que em julho de 2024 seriam colocadas a concurso as primeiras 20 USF-C, com o objetivo de "início de funções antes do final do ano", o que não aconteceu.

Leia Também: Mais de 40% das USF discordam das ULS: "Não estavam preparadas"

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