A Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) indicou, esta sexta-feira, que ainda decorre a investigação ao diretor do departamento de cirurgia da ULS Santo António, centrada na gestão das listas de espera e na eventual acumulação de funções públicas com privadas.
Em causa, sublinhe-se, está alegado favorecimento no acesso a uma cirurgia no Hospital de Santo António, no Porto, por parte do social democrata Hugo Soares.
Em resposta às perguntas enviadas pelo Notícias ao Minuto no início de junho - na sequência das primeiras notícias sobre o caso -, a mesma entidade esclarece que o processo necessitou da "realização de diligências adicionais, que incluem a realização de peritagens médicas".
"Após a avaliação dos resultados destas diligências será elaborado um projeto de relatório", conclui ainda na mesma nota enviada ao Notícias ao Minuto. Só depois se chegarão a conclusões finais e eventuais medidas disciplinares ou recomendações.
Ou seja, não há ainda conclusões sobre o inquérito, estando a ser realizadas perícias médicas.
Sublinhe-se que o Ministério Público (MP) abriu, em junho, um inquérito-crime ao caso da cirurgia do secretário-geral do PSD, Hugo Soares, no Hospital de Santo António, no Porto, com foco no diretor de serviço do departamento de Cirurgia, Eurico Castro Alves. "Confirma-se a instauração de inquérito a correr termos no DIAP [Departamento de Investigação e Ação Penal] Regional do Porto. O mesmo encontra-se sujeito a segredo de justiça", dava conta a Procuradoria Geral da República (PGR).
A Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS), tendo recebido uma denúncia no mesmo sentido, abriu um processo de inspeção ainda em novembro de 2024 (só tornado público em abril deste ano, após perguntas dos jornalistas).
Inquirida em junho pelo Público, fonte da ULS Santo António indicou que não houve favorecimento.
O diretor do departamento de cirurgia do Hospital de Santo António, Eurico Castro Alves, foi secretário de Estado da Saúde do governo de Passos Coelho, foi presidente do Infarmed e foi presidente da seção regional do Norte da Ordem dos Médicos.
Cirurgia de emergência para operação ao cólon
Segundo a denúncia, Hugo Soares foi admitido como prioritário para ser operado ao cólon. A cirurgia robótica aconteceu em julho do ano passado, um mês e uma semana depois de entrar na lista de espera, e a referenciação para a mesma terá começado numa consulta no setor privado. São ainda levantadas suspeitas sobre o diretor do departamento de cirurgia do Hospital de Santo António, Eurico Castro Alves.
O diretor clínico do Hospital de Santo António, Jorge Barros, defendeu, em declarações ao Expresso, que "a denúncia anónima teve pressupostos errados ou grosseiramente adulterados". O responsável defendeu desconhecer se algum médico do departamento atendeu o social-democrata no privado.
Além disso, precisou que Hugo Soares foi às urgências do hospital a 13 de julho de 2024 e recebeu uma pulseira amarela, acabando por ser "encaminhado para a especialidade de cirurgia gera". "O quadro clínico levou ao diagnóstico de doença inflamatória aguda, com indicação cirúrgica, não emergente, mas prioritária. Teve alta, após cinco horas de observação, sendo referenciado à Unidade Colorretal do Serviço de Cirurgia", disse, referindo que a cirurgia está dentro "do tempo máximo de resposta garantido para prioritários não oncológicos", que é de dois meses.
"A análise anatomopatológica mostrou lesões agudas e marcadas da peça anatómica excisada, reforçando objetivamente a prioridade clínica da indicação cirúrgica", acrescentou. Jorge Barros entregou documentação à IGAS.
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