"Todos esperamos que seja o primeiro passo de um caminho irreversível e definitivo. Eu não queria deixar de saudar este primeiro passo, que demorou tanto tempo, foi tão difícil e foi tão complicado", declarou Marcelo Rebelo de Sousa, à chegada à Tallin, onde participará num encontro do Grupo de Arraiolos.
O Presidente da República sublinhou que este "primeiro passo" contou, além da iniciativa do Presidente norte-americano, Donald Trump, "com a aceitação e colaboração de Israel, fundamental, da Autoridade Palestiniana, depois do próprio Hamas, que acabou por subscrever, e de países da região que foram incansáveis", destacando designadamente o Egito, a Turquia, o Qatar "e outros países árabes ditos moderados".
"Este primeiro passo tem um aspeto muito importante: se correr tudo bem, como esperamos, estamos a torcer por isso, é que cria condições para um cessar-fogo que permita depois começar a pôr no terreno um plano que é ambicioso, é difícil, é longo, é complexo. Mas todos estamos a torcer no sentido que corra bem", afirmou o Presidente, que na sexta-feira vai discutir com os seus homólogos europeus presentes em Tallin a situação em Gaza, um dos pontos em agenda da XX reunião do Grupo de Arraiolos.
Numa nota divulgada hoje de manhã no sítio oficial da Presidência da República na Internet, ainda antes da viagem para a Estónia, Marcelo já saudara a primeira fase do acordo entre Israel e o Hamas "sobre o regresso de todos os reféns detidos pelo Hamas desde 07 de outubro, incluindo vários de nacionalidade portuguesa", congratulando-se com "o estabelecimento de um cessar-fogo em Gaza" que permitirá "o fim da destruição e das mortes de civis e a distribuição urgente de ajuda humanitária".
Israel e Hamas anunciaram na quarta-feira à noite um acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza, primeira fase de um plano de paz proposto por Trump, após negociações indiretas mediadas pelo Egipto, Qatar, Estados Unidos e Turquia.
Esta fase da trégua envolve a retirada parcial do Exército israelita para a denominada "linha amarela" demarcada pelos Estados Unidos, linha divisória entre Israel e Gaza, a libertação de 20 reféns em posse do Hamas e de 1.950 presos palestinianos.
O cessar-fogo visa por fim a dois anos de guerra em Gaza, desencadeada pelos ataques a Israel, liderados pelo grupo islamita Hamas em 07 de outubro de 2023, que causaram cerca de 1.200 mortos e 251 reféns.
A retaliação de Israel já provocou mais de 67 mil mortos e cerca de 170.000 feridos, a maioria civis, de acordo com dados do Ministério da Saúde de Gaza (tutelado pelo Hamas), que a ONU considera credíveis.
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