Em declarações à Lusa, o ministro de Estado manifestou "alegria" e "alívio", sobretudo pela libertação de reféns, designadamente dois cidadãos "com ligações a Portugal, embora um, já seguramente, falecido".
"Abre-se aqui caminho para um período de estabilização em que possa chegar ajuda humanitária e começar-se a reconstrução", disse, salientando que Trump foi "a figura decisiva, no sentido de sentar toda a gente à mesa das negociações", sem esquecer Qatar, Egito, Arábia Saudita e Turquia.
Rangel, questionado sobre o contributo da flotilha humanitária "Global Sumud" (Resistência, em Árabe), que incluiu quatro portugueses, para chamar a atenção para o problema e para a necessidade de tomadas de posição mais decisivas, preferiu concentrar-se no atual sucesso do plano de Paz.
"A palavra principal é, por um lado, alivio, no sentido de garantir que as famílias dos reféns voltam a encontrá-los e que aqueles que faleceram podem, pelo menos, merecer um funeral e um luto. Por outro, o facto de se afastar o Hamas, algo muito importante, decisivo, que o grupo terrorista seja afastado por completo da Palestina", continuou o chefe da diplomacia lusa.
O membro do executivo da AD (PSD/CDS-PP) disse ainda que "Portugal teve um papel, ao longo deste último ano e meio, basicamente a partir de fevereiro, num diálogo com os países árabes (Egito, Arábia Saudita e Jordânia)", e também com "França, Bélgica e Luxemburgo, que se estendeu a Canadá e Austrália e outros países".
"A declaração de Nova Iorque [Nações Unidas], assinada por nós, em julho, em ligação ao esforço dos franceses e sauditas, em estreito diálogo com o Reino Unido, tem um conjunto de pontos fundamentais acolhidos no plano Trump", afirmou, admitindo ser necessário "ganhar mais confiança" para uma "solução de médio prazo" mais ampla e satisfatória para todas as partes.
Para Rangel, "basta ver como estão a reagir as populações de Israel e a palestiniana da Faixa de Gaza, em particular, para perceber que este é um esforço de grande porte e em que o papel do presidente Trump é insubstituível".
Israel e o Hamas acordaram na quarta-feira à noite a fase inicial do cessar-fogo na Faixa de Gaza, após negociações na cidade egípcia de Sharm el-Sheikh, com a mediação de Egito, Qatar, Estados Unidos da América (EUA) e Turquia, seguindo linhas de orientação apresentadas por Trump.
Esta primeira fase da trégua contempla a retirada do exército israelita para uma "linha amarela", demarcada pelos EUA e que forma um perímetro entre 1,5 a 6,5 quilómetros de profundidade, a partir da fronteira entre Israel e Gaza.
Segundo o jornal israelita Haaretz, cerca de 20 reféns vivos poderão ser libertados entre sábado e domingo, enquanto Trump anunciou que todos os reféns, incluindo os que morreram, vão abandonar o enclave na segunda-feira.
Uma fonte do Hamas disse à agência de notícias espanhola EFE que, em troca, Israel deverá libertar cerca de 1.950 prisioneiros palestinianos, incluindo 250 condenados a prisão perpétua, e cerca de 1.700 detidos em Gaza.
[Notícia atualizada às 10h20]
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