"Num cenário global de desaceleração, o nosso país continua a destacar-se como uma referência, aproximando-se rapidamente de um sistema elétrico quase totalmente renovável", apontou a associação, em resposta escrita à Lusa, a propósito do relatório anual sobre energias renováveis da Agência Internacional de Energia (AIE), divulgado na terça-feira.
A AIE reduziu as expectativas para o crescimento global da eletricidade renovável em 5% até 2030, essencialmente devido às mudanças políticas nos Estados Unidos (EUA) e na China, e colocou fora do alcance a meta da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2023 (COP28) de triplicar a capacidade global de renováveis até 2030.
A agência internacional reviu as suas projeções para os EUA em baixa de quase 50% face às de 2024, justificando com alterações nas políticas, que resultaram na eliminação antecipada de incentivos fiscais, restrições à importação e na suspensão e redução de licenças para projetos eólicos e solares fotovoltaicos 'onshore' em terras federais.
A APREN considerou que o relatório "reforça o papel de liderança da Europa e, em particular, de Portugal, na transição energética" e que este reconhecimento confirma que o país "está no caminho certo, mas também evidencia que é urgente acelerar o ritmo".
"O país dispõe de uma base sólida, mas o sucesso depende da capacidade de execução", vincou a associação, destacando a necessidade de transpor a totalidade da diretiva europeia REDIII (Renewable Energy Directive III) e de tratar as energias renováveis "como um interesse público superior, essencial para a segurança energética, para a competitividade da economia e para a redução da fatura energética das famílias portuguesas".
Para a APREN, "o desafio não é definir metas, mas concretizá-las", considerando para isso fundamental o "consenso político e social em resultados tangíveis".
Já quanto às medidas anunciadas pelo Governo, para a criação das Zonas de Aceleração de Energias Renováveis e o novo decreto-lei que simplifica os pedidos de ligação à rede, a APREN considerou que "representam passos concretos na direção certa" e respondem a "preocupações há muito identificadas pelo setor".
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