A diretora clínica do Hospital Eduardo Santos Silva, em Gaia, recusou esta terça-feira, 7 de outubro, qualquer tipo de negligência médica no caso do bebé que nasceu na receção da unidade hospitalar.
Em declarações aos jornalistas, Ana Margarida Fernandes começou por explicar que, num primeiro momento, após ser assistida, a "grávida teve alta".
"Cerca de duas horas depois, a grávida terá manifestado algum sintoma com início do trabalho de parto e dirige-se, pelos próprios meios, à urgência da ULS", disse a responsável, acrescentando que, depois de "falar com as partes intervenientes e tentar perceber o circuito do que aconteceu", o que "foi relatado é que quando a grávida chegou, no seu carro, pelo próprio pé, é-lhe oferecida uma cadeira de rodas, porque as macas, habitualmente são oferecidas a doentes acamados".
O pai do bebé acusa o hospital de negligência médica e garante que a maca pela qual implorou nunca foi dada à mulher. "Quando efetivamente as pessoas que estavam à entrada do serviço de urgência aperceberam-se que a senhora estava a entrar em trabalho de parto rapidamente ativaram a equipa de emergência médica do hospital e veio uma maca para socorrer a grávida e o seu filho".
No entanto, terá sido tarde demais, a criança acabou por nascer ali mesmo, na receção das urgências. "Estamos a falar de segundos, são situações que não conseguimos prever", justificou a diretora clínica do hospital de Gaia.
Sobre facto de o bebé, alegadamente, ter batido com a cabeça no chão, Ana Margarida Fernandes começou por garantir que "não há testemunhas que tenham visto" isso acontecer. Porém, confrontada com a possibilidade de um bombeiro ter visto o momento, assim como com o possível registo das câmaras de videovigilância, a médica realçou que "independentemente disso, a postura que foi adotada, na dúvida de ter havido um problema com o recém-nascido, este foi, de imediato, avaliado e internado no Serviço de Neonatologia, de vigilância, de cuidados intensivos neonatais".
A responsável assegurou ainda que o bebé "não fez nenhum TAC" e que "esteve sempre bem e encontra-se bem", tanto que "já teve alta da unidade de neonatologia para junto da sua mãe".
"Neste momento está a fazer o procedimento habitual de um recém-nascido que nasceu há três dias", adiantou.
Antes de concluir o assunto, a diretora clínica revelou que já está a decorrer uma investigação ao caso para perceber o que se passou. "Inquéritos, revisões de processos, revisão de procedimentos, para verificarmos o que aconteceu. Mas eu afasto qualquer negligência hospitalar. A minha equipa atuou de forma imediata, de acordo com os protocolos instituitos nesta instituição", atirou, adiantando que "a equipa médica está de consciência tranquila e está a fazer o seu trabalho tranquilamente" e tem "plena confiança" nos seus elementos.
Uma versão contrária à do pai do bebé, Frederico Fernandes, que denunciou ao Correio da Manhã "que pessoas não fizeram absolutamente nada, só começaram a movimentar-se após a confusão".
Segundo este, o bebé nasceu na receção e caiu no chão. "Fui eu que peguei o bebé do chão", declarou Frederico ao matutino, garantindo que já apresentou queixa no Gabinete dos Utentes e na Ordem dos Médicos devido à "forma indigna como trataram" a mulher.
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