O relatório destaca que o apagão elétrico que deixou Portugal continental e Espanha peninsular sem energia durante mais de 10 horas foi explorado por agentes mal-intencionados que espalharam alegações falsas.
A campanha de desinformação incluiu narrativas sobre ataques cibernéticos da Rússia, anomalias atmosféricas, falhas de energia renovável e experiências governamentais.
Mais de metade dos inquiridos acreditou em pelo menos uma das narrativas falsas sobre as causa do apagão, sendo que a "dependência excessiva da rede elétrica em relação às energias renováveis" é a mais comum, particularmente entre os eleitores de extrema-direita.
Neste sentido, "as crenças sobre as alterações climáticas e o partidarismo são os principais fatores que determinam as diferenças de atitude" face à desinformação climática.
"As pessoas que pretendem votar em partidos de extrema-direita e que rejeitam as alterações climáticas têm opiniões menos favoráveis ao clima", lê-se no documento.
O relatório alerta ainda para a necessidade de obrigar as redes sociais a impedir a amplificação de conteúdos enganadores sobre as alterações climáticas nas suas plataformas, bem como o investimento dos governos em campanhas de sensibilização pública para combater a desinformação e promover a integridade da informação.
Além destas medidas, os autores salientaram que se deve impedir que as empresas utilizem publicidade que divulgue informações enganosas ou promova comportamentos prejudiciais ao ambiente, como o consumo excessivo de combustível fóssil.
"Dar mais recursos às organizações de verificação de factos para desmascarar alegações falsas sobre as alterações climáticas", também deve ser uma prioridade.
O relatório da coligação CAAD entrevistou 2.400 pessoas em Espanha e no Reino Unido, com o objetivo de combater a desinformação climática, pedindo uma ação decisiva e unificada contra o fenómeno.
Na semana passada, o painel de peritos que investiga o apagão elétrico de 28 de abril concluiu que o colapso foi provocado por uma sucessão de desligamentos súbitos de produção renovável, e subsequente perda de sincronismo com a rede continental europeia.
No primeiro trimestre de 2026 espera-se um relatório final que incluirá recomendações concretas destinadas a evitar incidentes semelhantes não apenas na Península Ibérica, mas em toda a rede elétrica europeia.
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