Em declarações à Lusa, após uma visita ao Hospital Materno-Infantil Dr. Azancot de Menezes, em Luanda, Ana Paula Martins destacou que o centro faz parte da "visão estratégica" de transformação do sistema de saúde de Angola que Portugal apoia "de forma absolutamente incondicional".
A responsável da pasta da Saúde acrescentou que o apoio será feito em várias frentes, incluindo formação e assistência técnica, e que o financiamento será assegurado através de linhas de crédito, ficando a definição das prioridades a cargo das autoridades angolanas.
"A parte financeira tem a ver com as linhas que já tinham sido anunciadas pelo Governo de Portugal" e que estão à disposição do Governo de Angola
"O Governo de Angola é que tem de identificar aquilo que são as suas prioridades e este centro oncológico foi identificado como uma prioridade", realçou.
Segundo Ana Paula Martins, o memorando de cooperação entre os dois países tem "dois objetivos principais": "Fazer um ponto da situação deste acordo relativamente à questão da formação e ver em que áreas é que nós podíamos acrescentar esta cooperação, nomeadamente na área do planeamento estratégico, da gestão e também na área do digital, que é tão importante para os dois países. O segundo objetivo é participar no congresso que assinala 20 anos de combate ao VIH e partilhar as experiências que temos tido em ambos os países nesta abordagem multissetorial", adiantou.
A ministra portuguesa frisou também a relevância da cooperação recíproca, apontando que os profissionais portugueses de saúde beneficiam da experiência adquirida em Angola em áreas epidemiológicas específicas.
"Os nossos profissionais de saúde aqui podem adquirir experiência em áreas ou em instituições em que temos poucos casos ou simplesmente não temos, porque o perfil epidemiológico é diferente", afirmou.
A ministra da Saúde de Angola, Sílvia Lutucuta, que acompanhou a visita, destacou a importância da formação de quadros no âmbito da cooperação com Portugal.
"Além do grande investimento que está a ser feito em infraestruturas, Angola está também a investir fortemente na formação de quadros para garantirmos melhor serviço a toda a população. Temos um plano de cinco anos que prevê formar 38 mil profissionais de saúde de várias carreiras, e Portugal tem sido um parceiro estratégico para nós", declarou.
Sílvia Lutucuta sublinhou ainda que a cooperação é bidirecional: "Não temos que olhar só para os nossos profissionais irem para Portugal, também queremos ver profissionais de saúde portugueses que venham para cá tirar vantagem da especificidade epidemiológica do nosso país", disse, assinalando que já existem projetos de investigação conjunta com instituições portuguesas.
A visita da ministra portuguesa decorre até 5 de outubro e insere-se no Protocolo de Cooperação assinado em Lisboa a 25 de fevereiro de 2025.
Além do apoio ao centro oncológico, estão previstos programas de formação de médicos angolanos em Portugal e estágios de profissionais portugueses em Angola, na área das doenças tropicais, bem como cooperação em áreas como saúde pública, planeamento estratégico, indústria farmacêutica e investigação científica.
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