O ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, garantiu, em entrevista na RTP3, que os serviços consulares estão a fazer tudo para que seja possível ter contacto direto com os portugueses ainda na sexta-feira, sublinhando que o prognóstico é que seja possível apenas no domingo.
Rangel explicou que a interceção pela Marinha de Israel da flotilha internacional com destino a Gaza com ajuda humanitária, na qual seguiam três portugueses, a coordenadora do BE, Mariana Mortágua, o ativista Miguel Duarte e a atriz Sofia Aparício, ocorreu no dia mais sagrado do judaísmo, Yom Kipur.
"Normalmente [no Yom Kipur] está tudo encerrado em Israel, os serviços funcionam em serviços mínimos (...). O prognóstico que existe neste momento e que tudo faremos para acelerar é o dia de domingo, que é o primeiro dia da semana no calendário judeu", frisou.
"Foi escolha da flotilha chegar nesse dia [Yom Kipur], vai atrasar as operações que podiam ser mais rápidas", acrescentou.
O chefe da diplomacia portuguesa apontou também que o primeiro grupo de cidadãos detidos a bordo da flotilha deve chegar a um porto israelita às 08:00 de quinta-feira (06:00 em Lisboa).
Paulo Rangel não especificou qual o porto israelita nem se os portugueses estariam nesse primeiro grupo.
O ministro destacou esperar ainda a confirmação oficial das autoridades israelitas sobre a detenção dos portugueses, acrescentando que recebeu a informação por parte do BE.
Sobre a operação da Marinha israelita, Rangel referiu que a flotilha saiu das águas internacionais e por isso é que as forças israelitas intervieram.
Paulo Rangel garantiu que como qualquer cidadão português, os detidos serão objeto de proteção consular e diplomática, reforçando que têm sido sempre acompanhados pelo ministério desde que partiu a flotilha.
"Quando houve o incidente em Tunes, se havia drone ou não havia drone, embaixador português na Tunísia visitou os três no hotel e foi depois ao barco a pedido deles", contou.
"O MNE manteve contacto regular com todos ou representantes, também o fez por email ainda ontem [terça-feira], onde pediu para que aceitassem a proposta do Governo italiano que era a de não sair de águas internacionais e deixar a ajuda no Chipre, para que fosse entregue num corredor assegurado pela Igreja Católica", acrescentou.
A flotilha, composta por cerca de 50 embarcações, uma das quais com bandeira portuguesa, partiu de Espanha com o objetivo de romper o bloqueio israelita e entregar mantimentos na Faixa de Gaza. O Governo de Israel alegou que a iniciativa era apoiada pelo grupo extremista palestiniano Hamas.
[Notícia atualizada às 23h02]
Leia Também: Flotilha? "Governo português tem de fazer tudo o que está ao seu alcance"