O Presidente da República afastou a ideia de que o caso da Spinumviva, que envolve o primeiro-ministro, vá voltar a marcar eleições - neste caso, as autárquicas, que acontecem daqui a pouco mais de duas semanas.
Em declarações aos jornalistas, este sábado, à margem da Feira do Livro, no Palácio de Belém, Marcelo Rebelo de Sousa disse achar que não haverá qualquer tipo de 'contaminação' das eleições autárquicas pelos temas que estão a marcar a atualidade - e, portanto, que as novas informações sobre o caso Spinumviva não vão influenciar as votações.
"Cada caso é um caso e a pessoa dos candidatos pesa muito nas autárquicas", defendeu o Presidente da República, alegando que os próprios temas que são discutidos nos municípios se centram em problemas locais, daquelas populações.
"Esses temas locais podem ser comuns: habitação, o problema da mobilidade, transportes, problemas muito específicos de educação, mas são sempre temas locais", defendeu.
"E mesmo nos grandes municípios, isto é da Área Metropolitana de Lisboa ou do Porto, eu penso que vai passar por conhecer ou não os candidatos, o que é que eles fizeram no passado, o que é que vão fazer no futuro, que posições tomam sobre a autarquia, muito mais do que temas nacionais. É o que me parece que está a acontecer", afirmou o chefe de Estado.
Considerou ainda que os próprios resultados "vão ser muito locais".
Em jeito de argumento, o Presidente disse ainda que esta "é das campanhas em que menos houve líderes nacionais" a marcarem presença nas ações de campanha, defendendo que se trata de uma consequência das eleições legislativas em maio e das presidenciais já em janeiro.
"Se há caraterística este ano é a de que ou os líderes não participam mesmo ou participam de uma forma muito menos intensa do que antigamente", notou.
Perante os jornalistas, Marcelo Rebelo de Sousa recordou a sua experiência em campanha autárquica, em 1997, quando desempenhava as funções de presidente do PSD, em que percorreu a grande maioria dos municípios do país. "Hoje isso é raríssimo. Mesmo os líderes dos maiores partidos vão às antigas capitais de distrito e vão a mais uma dezena, duas dezenas, três dezenas" de municípios, observou.
Marcelo disse que a explicação para essa escassa participação dos líderes em campanha autárquica tem "uma razão simples".
"Houve Legislativas, logo a seguir foram as férias de verão e a pré-campanha local. Direi que se há característica este ano é a de que ou os líderes não participam mesmo, há casos de líderes que não participam, ou participam mas de uma forma que é muito menos intensa do que acontecia anteriormente", advogou.
Em relação à campanha das eleições de 12 de outubro, Marcelo Rebelo de Sousa disse esperar "que decorra como a pré-campanha, isto é, com serenidade, com calma, com participação".
"Por outro lado, espero que seja uma campanha muito esclarecedora. Há muitos candidatos, o que é um bom sinal. É uma oportunidade para eles fazerem mais debates a nível local", apontou, antes de defender que as eleições autárquicas são marcadas pelos fatores conhecimento pessoal dos candidatos e proximidade.
Saúde? Marcelo avalia "imediatamente a seguir às eleições"
O Presidente da República foi ainda questionado sobre o encontro com a ministra da Saúde na sexta-feira, dia 26 de setembro, quando ambos se cruzaram num concerto na Feira do Livro em Belém, mas afastou qualquer comentário, dizendo apenas: "Não tive conversa nenhuma com ninguém".
O chefe de Estado revelou ainda que "mais uma semana ou duas ou imediatamente a seguir às eleições locais" vai pronunciar-se sobre a Saúde, dando o seu parecer sobre a situação no setor a nível nacional.
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